Movie Books

Introdução

Mesmo entre os fãs mais incondicionais de Dragon Ball, poucos são os que sabem o que é um movie book. Menos fãs ainda, tiveram algum em mãos e creio que deve dar para contar nos dedos das mãos e dos pés, os que sabem que alguns deles já foram publicados no Brasil. Entre os que sabem o que é, essas edições são um objeto de desejo tão grande quanto os daizenshuus ou os tankoubons originais.
Mas vamos deixar de história e vamos ao que interessa.

Para cada um dos os filmes e especiais de Dragon Ball que foram feitos pela Toei Animation, a Shueisha publicou uma versão dos mesmos em formato quadrinizado, são os chamados "color film comics" ou movie books. No total foram 20 edições, e ao contrário do que muitos pensam, NÃO foram edições lançadas com o intuito de promover os filmes. Isso, pois cada versão quadrinizada, foi lançada com um intervalo de tempo considerável da estréia do filme até o lançamento nas bancas. As vezes com uma diferença de quase uma década.

No Japão, uns poucos filmes e OVAs, com ótima aceitação do público, tem movie books publicados. Os filmes do Studio Gibli, por exemplo, comumente tem versões quadrinizadas. Mas mesmo assim essa é uma prática não usual para as editoras japonesas, a Shueisha nesse caso, é exceção. E dentro disso tudo, Dragon Ball é uma das poucas séries que tiveram TODOS os seus filmes e especiais quadrinizados. Os movie books de Dragon Ball foram lançados pela Shueisha na JUMP COMICS SELECTION sob o selo JAC (Jump ANIME Comics) uma das muitas publicações da Shueisha menos conhecidas que a Weekly Shonen Jump, seu carro chefe com tiragem semanal de milhões de exemplares desde 1968.

Cada movie book tem em média de 140 páginas coloridas, com o mesmo formato de impressão dos tankoubons e com uma capa protetora que os envolve, contendo a mesma imagem da capa interna. Fora o que se espera de uma quadrinização de um filme, cada edição tem atrativos a mais. Como algumas páginas pôsteres, a ficha técnica do filme e também páginas ilustradas que nos dão uma descrição de cada um dos personagens que figuram no filme, logo no começo de cada volume.

Outro ponto interessante é que essas versões quadrinizadas são criadas a partir e tão somente de imagens do filme, sem extras e cenas retratadas em ângulos diferentes. Fica ao encargo dos diagramadores apenas o desenho e a colorização das onomatopéias e "balões". Além é claro de compor uma dinâmica de roteiro mais próxima a do mangá, recortando as imagens (os acetatos) dos filmes e diagramando as páginas de forma a compor a história. Em função disso, o tipo de desenho que temos aqui é completamente diferente das páginas coloridas dos mangás originalmente desenhadas pelo Akira Toriyama e esporadicamente publicadas na Weekly Shonen Jump (WS Jump). Segue a comparação abaixo:

Scan Movie Book

Scan WS Jump

Pelo anime ter logicamente uma dinâmica de cenas próprias ao seu formato, como cenas que se repetem de um mesmo ponto de vista com uma troca rápida de planos, podemos perceber claramente que isso se refletiu nos movie books. Muitas das páginas tem de um quadrinho para outro uma imagem que pouco difere da anterior (observe a imagem à esquerda), coisa que em um mangá do Toriyama dificilmente veríamos.

Temos de considerar também que 140 páginas de um mangá equivaleriam a cerca de seis até nove episódios da série televisiva que tem cerca de 20 minutos. Um filme de 40 ou 50 minutos quadrinizado em 140 páginas precisa de muito mais "quadrinhos" se repetindo para compor um volume. Mas as vezes a composição de uma página de um movie book beira o ridículo (note a imagem do lado direito). Por outro lado temos também algumas páginas muito criativas, com uma composição belíssima, tanto na diagramação dos quadros, quanto nas onomatopéias (imagens abaixo).

Vale lembrar que os diálogos da versão quadrinizada não correspondem exatamente aos do filme original. E também temos muitas passagens dos filmes que por algum motivo foram subtraídas no processo de quadrinização. Fica ao encargo dos editores e roteiristas a escolha do que vai figurar em cada movie book.

Ao contrário dos mangás de Dragon Ball que foram publicados em meio mundo, poucos foram os países que publicaram algum movie book.
Por incrível que pareça, a partir de Janeiro de 1997, a Ed. Abril Jovem publicou alguns movie books de Dragon Ball, isso anos antes da Conrad começar a editar o mangá de Dragon Ball, em Novembro de 2001. Foram 4 mini séries mensais, cada uma dividida em 2 edições. A Abril fez um considerável trabalho de adaptação: as onomatopéias foram mantidas, por serem parte integrante da ilustração, porém algumas ficaram invertidas devido ao processo de ocidentalização - leitura da esquerda p/ direita. Todavia, a Abril preocupou-se em colocar um asterisco com a tradução de todas as onomatopéias e kanjis existentes nas edições e a tradução dos nomes dos personagens também foi extremamente fiel a versão japonesa. O tipo de papel é
''papel couché brilhoso-LWC60, de baixa gramatura'' (o mesmo usado nas páginas das revistas nacionais VEJA ou ÉPOCA) e o preço de cada edição é de R$ 3,30.

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