A indústria atual dos videogames se mantém diante de lançamentos, anúncios de franquias já firmadas no mercado e desenvolvimento de novas tecnologias e recursos tanto em hardware quanto em software. Um comportamento bem diferente das primeiras gerações, mais precisamente das duas primeiras, que lançavam jogos sem o mínimo de planejamento ou qualidade, culminando no fatídico crash dos videogames que por fim acabou desacelerando a indústria .
Por mais que isso seja óbvio, expectativas são sempre geradas antes mesmo do produto final chegar aos consumidores e essas expectativas evidentemente influenciam significativamente o ciclo de desenvolvimento.
É bem comum na indústria dos videogames que diversos jogos sofram atrasos e até mesmo cancelamentos. Isso pode ocorrer devido à feedbacks positivos ou negativos diante do produto em desenvolvimento, obsolescência tecnológica (onde o jogo ou console para qual o jogo está sendo desenvolvido passa a ser considerado obsoleto antes mesmo de ser lançado), e até mesmo por práticas anticompetitivas (elevando ações das empresas desenvolvedoras ou desestabilizando a concorrência, levando-as a desistir, reformular seus projetos ou se conformar com um possível prejuízo devido ao hype gerado pelo jogo em questão). A esses jogos, sejam eles reais ou não, nós chamamos de Vaporwares.
Vaporware é um software ou hardware que é anunciado sem qualquer garantia de que seu desenvolvimento tenha se iniciado e que tampouco corresponda com a data prevista de lançamento. Em alguns casos ele está em um estágio bem inicial de desenvolvimento e em outros ele sequer foi iniciado.
As empresas nem sempre informam o público sobre o que acontece durante o desenvolvimento de um jogo ou sobre a descontinuidade do projeto. Quando se retratam, as respostas são geralmente pouco esclarecedoras. Lembrando que nada impede que um jogo classificado como Vaporware venha a ser publicado, porém é necessário que o produto passe por longos períodos de desenvolvimento ou sem informação aparente sobre o desenvolvimento do projeto para que receba essa denominação.
Há casos ainda que as empresas divulgam Tech Demos com objetivo de demonstrar características específicas de um hardware ou de demonstrar a ideia, desempenho, método ou as características de um produto ou conceito. Ao contrário de um Vaporware, a Tech Demo geralmente não é criada pela empresa com o objetivo de desenvolver um jogo específico e isso gera algumas confusões e sobretudo expectativas, como aconteceu com o suposto Final Fantasy a ser lançado para o Nintendo 64.
Durante o ano de desenvolvimento do Nintendo 64, ainda então chamado Ultra 64, uma Tech Demo produzida pela SQUARE, utilizando a Estação de Trabalho (workstation) Onyx, da Silicon Graphics Inc., foi apresentada ao público durante a ACM SIGGRAPH 95, em Los Angeles, Agosto de 1995. Acontece que diversas revistas na época não anunciaram a Tech Demo como tal, mas sim como um jogo exclusivo a ser lançado para o então Ultra 64, visto que a Nintendo tinha uma parceria com a Silicon Graphics Inc. para o desenvolvimento do motor gráfico do seu então novo console. Algumas revistas inclusive noticiaram até data de lançamento, segundo funcionários da Nintendo. Mais tarde, a SQUARE anunciou o jogo Final Fantasy VII para Playstation, deixando os fãs da época indignados.
A história se perpetuou no imaginário das pessoas como verdadeira, mas a tal Tech Demo não era um protótipo de um próximo jogo, nem era uma Demo que estava sendo desenvolvida especificamente para o Nintendo 64 ou para o PlayStation e sim aquilo que a SQUARE imaginou para a então próxima geração de RPGs e para familiarizar os desenvolvedores de software da empresa com as noções básicas de motores 3D. Em miúdos: conceito para a próxima geração.
A franquia Dragon Ball, repleta de inúmeros jogos para os mais variados consoles, também teve diversos Vaporwares anunciados que nunca viram a luz do dia, principalmente logo após a popularização da série no Ocidente, sendo a ATARI Inc. (Infogrames) a maior responsável por eles.
Esta seção visa retratar, com base nas informações disponíveis na época, alguns dos Vaporwares e possíveis Tech Demos de Dragon Ball.
Dragon Ball Z: Cell to Kogeki da! (ドラゴンボールZ 3DO でセルと対決だ!)
Plataforma: 3DO (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 1994
“Dragon Ball Z: Cell to Kogeki da! leva você em uma inacreditável jornada para proteger o Universo do malvado Cell. O futuro do Universo depende da sua habilidade em usar seus poderes para ajudar Goku e Gohan a derrotar seus inimigos. O jogo promete interação com mais de 15 personagens enquanto explora um enorme universo.”
Até então era apenas isso que se sabia sobre Cell to Kogeki da! para 3DO, descrito em um extinto site da internet – http://www.keyeman.free.fr/ – que prometia a venda deste título junto a um emulador de 3DO para Windows. Uma capa circulou durante anos na rede, a partir de 2003, mas constatar que ela era falsa não chegava a ser tão difícil.
O número de série da capa do suposto Cell to Kogeki da! (FZ-SJ6551) pertence a outro jogo para 3DO: Royal Pro Wrestling. Comparando a disposição das letras no verso das capas, podemos ver que “coincidentemente” a disposição dos dados de Royal Pro Wrestling bate com a capa do suposto jogo de Dragon Ball Z para 3DO. Fora o nome da empresa responsável pelo suposto game, NATSUME, que não consta na capa frontal do jogo de Dragon Ball Z como deveria. Aliás, o único jogo produzido pela NATSUME para o 3DO é o próprio Royal Pro Wrestling!
Além disso, o texto do verso da capa do suposto Cell to Kogeki da! está escrito em inglês, não havendo nada similar nos jogos para 3DO feitos no Japão, ainda mais considerando que a própria NATSUME é uma empresa japonesa. A capa frontal também segue o mesmo molde, com uma escolha de fonte esteticamente ruim para fins comerciais, além da própria fonte ser uma tentativa amadora de deixar a capa mais orientalizada.
Vale ainda lembrar que a imagem de Gohan e Cell com a cidade ao fundo foi tratada digitalmente. A ilustração original é do próprio Akira Toriyama e nela tinha ainda um Goku que foi apagado. Abaixo, a ilustração original de Toriyama (à esquerda) e a imagem tratada que foi utilizada para fazer a capa do suposto Cell to Kogeki da!:
Cerca de dois supostos shots do jogo rodando em um emulador de 3DO, chamado 3DO Glide, também são controversos. O jogo era vendido apenas pela internet ao elevado custo de 200 dólares e dependia desse emulador para funcionar. Acontece que um dos shots apresenta uma suposta tela de abertura do jogo utilizando a mesma imagem da capa, que certamente é falsa. Daí a concluir que os dois shots são falsos é algo lógico.
O máximo que poderíamos dizer é que esse Cell to Kogeki da! mostrado até agora trata-se de um jogo não-licenciado de Dragon Ball Z para Windows PC, mas isso também não significa que Cell to Kogeki da! não chegou a ser idealizado oficialmente.
Lançado em Setembro de 1993, o 3DO foi o primeiro console de 32 bits do mercado. O 3DO foi uma idéia de Trip Hawkins e a princípio a empresa queria criar um hardware único onde outras empresas, utilizando-se desse hardware, poderiam criar produtos com marca e design próprios. Nisso foi fundada a 3DO company, uma joint venture entre 7 empresas; AT&T, Eletronic Arts, Kleiner Perkins Caufield & Byers, Matsushita, MCA, New Technologies Group e Time Warner.
A joint venture fundada recebia royalties sobre os consoles vendidos por empresas como a Panasonic, Goldstar, Sanyo, Samsung entre outras. Ela também recebia cerca de US$ 3,00 por jogo vendido. A média de preço dos consoles era cerca de US$ 700,00 um valor altíssimo para qualquer console na época.
Das mais de 500 softhouses licenciadas na época, cerca de 50 apostaram no 3DO. Essas softhouses lançaram poucos jogos e muitos dos jogos que estavam sendo desenvolvidos foram cancelados e nunca lançados no mercado. O principal fator disso é que o preço exorbitante dos consoles acarretou em vendas abaixo do esperado e quando lançaram modelos mais baratos do 3DO, o Playstation e o Saturn já estavam estabelecidos no mercado.
Dragon Ball Z Cell To Kogeki da! (ドラゴンボールZ 3DO でセルと対決だ!) teve início de desenvolvimento em 1994 e é um desses jogos que não chegaram a ser comercializados. Ele seria o segundo jogo desenvolvido pela BANDAI a ser lançado para 3DO. O primeiro foi Ultraman.
As poucas informações sobre este jogo são de revistas da época. Em um scan da Weekly Shonen Jump nº11 de 1994, temos um anúncio do evento “3DO World Open Meeting”, que ocorreu em dois lugares distintos: no Mydome Osaka, em 29/03/1994 e no Harumi Dome 21 (Tóquio), em 01/04/1994. No canto esquerdo do scan, em destaque, podemos ler o convite “Jogue apenas aqui a versão original do jogo de Dragon Ball Z!”. E também temos uma nota sobre o evento e o jogo na Weekly Shonen Jump nº 15, de 1994.
As poucas fotos divulgadas sobre o 3DO World Open Meeting são de duas revistas francesas da época, a Joypad nº 31 de maio de 1994…
… e a Joystick nº 49, também de maio de 1994.
Essa versão de estande do game não era jogada com joystick. Era um tipo de “punching machine”, uma espécie de arcade onde você veste uma luva e tem que dar um soco forte em um alvo almofadado retrátil. A força do golpe aplicado determinaria a quantidade de dano no oponente. Vários arcades como esse foram lançados no Japão e no mundo e o melhor exemplo disso é o popular Sonic Blast Man (パンチングマシーン) que tem o gabinete quase que idêntico ao de Dragon Ball Z Cell to Kogeki da!.
Como não existe acessório ao estilo “punching machine” lançado para o 3DO doméstico e tampouco temos mais notícias sobre o desenvolvimento de Cell to Kogeki da!, fica aberta a questão se o que foi exibido era nada mais do que uma Tech Demo criada exclusivamente para mostrar as qualidades técnicas do 3DO, se era alguma demonstração visando o desenvolvimento futuro deste acessório ao 3DO ou se a BANDAI tinha reais planos de lançar o jogo (com ou sem acessório) para o mercado doméstico.
Curiosamente, há um cartão lançado pela V-JUMP com o Super Saiyajin 2 Gohan ao centro e, acima dele uma referência genérica ao videogame 3DO. O fato de um cartão telefônico promocional desse tipo ter sido distribuído, reforça ainda mais a ideia de que havia planos para a promoção de Cell to Kogeki da! ou de algum outro jogo de Dragon Ball Z para 3DO.
DRAGON BALL (Dragon Ball Z Super Butoden 2 English Subtitles)
Plataforma: Super Nintendo (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 1996
Em março de 1996, a revista Club Nintendo (Ano 5 Nº. 3) fez uma curiosa e detalhada matéria de quatro páginas a respeito da adaptação em inglês do jogo Dragon Ball Z Super Butoden 2, originalmente lançado em 17 de Dezembro de 1993 no Japão.
A matéria em si descreve os principais personagens da série, até então pouco conhecidos pelo público norte-americano, os modos de jogo e algumas instruções da mecânica do jogo em si. Segue abaixo o primeiro parágrafo da matéria:
“Bem, aparentemente a BANDAI já está cedendo terreno, graças as negociações feitas com Itochu (ou seja, o Sr. Kikuchi)** já que mandarão para o nosso continente ou ao menos a América Latina, o bem sucedido jogo Dragon Ball. Este jogo baseia-se na série de TV de mesmo nome e estamos muito felizes por ser o início do que poderia converter-se em mais títulos trazidos diretamente do Japão. Talvez não chegue em espanhol, mas conforme faça sucesso, poderemos exigi-lo mais adiante”.
** Sr. Kikuchi ou Teruhide Kikuchi era o CEO da C. Itoh Mexico, a companhia que distribuía todos os produtos da Nintendo no México, na época.
Mais tarde, em coluna de cartas da revista Club Nintendo, houve uma pergunta sobre a situação do jogo. A revista declarou que o projeto estava oficialmente cancelado devido aos custos de licenciamento.
A revista Club Nintendo é a revista oficial da Nintendo no México e na América Latina. A ideia de editá-la partiu do próprio Sr. Kikuchi e, considerando esses fatos, a matéria tem certa credibilidade.
Não é possível predizer o nível de desenvolvimento da tradução de Super Butoden 2 a não ser contando com os scans apresentados na própria revista:
Apesar da aparente qualidade do processo de tradução visto nos scans, o jogo teve algumas mudanças críticas. A começar, Super Butoden 2 aqui se chamaria apenas Dragon Ball. Inclusive, na tela título, substituíram o logotipo de Dragon Ball Z pelo logotipo de Dragon Ball e retiraram a citação 超武闘伝2 presente no original.
Alguns personagens também tiveram seus nomes modificados. Megrim seria a personagem Zangya, Poomaru seria Bojack e Tara seria Brolly. Curiosamente, Brolly também é chamado de Tara em La Légende Saien, versão francesa de Super Butoden 2. Isso nos leva a crer que possivelmente a tradução americana de Super Butoden 2 estivesse sendo baseada em La Légende Saien.
O que mais chama a atenção aqui é o porquê de uma tradução em inglês e não uma versão em espanhol do jogo Super Butoden 2 seria lançada pela representante da Nintendo no México. Provavelmente, porque a BANDAI tivesse antes planos para o lançamento deste jogo para o mercado americano. Afinal, não faria o menor nexo traduzir um jogo para o inglês e em seguida retraduzi-lo para o espanhol.
E por que não deu certo? Atrelada a erros diversos e a falta de sorte, Dragon Ball demorou para cair no gosto popular dos norte-americanos. Considerando que os planos da BANDAI era o de lançar Super Butoden 2 no continente americano entre 1995 e 1996, basta observarmos o cenário de Dragon Ball nesse período que chegaremos a conclusão de que não seria o melhor momento.
A FUNimation, detentora até então dos direitos de licenciamento da série nos EUA, tentou lograr sucesso com a série Dragon Ball, em 1995, mas devido aos baixíssimos índices de audiência, preferiu apostar em Dragon Ball Z. A série Dragon Ball Z foi ao ar pela primeira vez nos EUA em 13 de Setembro de 1996 e não durou mais do que duas temporadas na TV, devido ao pouco interesse mercadológico. Somente em 1998, como parte do bloco Toonami da Cartoon Network, que Dragon Ball Z obteve altos índices de audiência, se tornando um sucesso.
Já no México, a série Dragon Ball Z só estreou efetivamente em 1997, porém a série Dragon Ball já era conhecida pelos mexicanos desde 1993 como Zero Y El Dragón Mágico, uma versão adaptada da raríssima (e praticamente desconhecida) versão estadunidense licenciada pela Harmony Gold, já no final da década de 1980. Zero Y El Dragón Mágico foi um fracasso no México. Em 1995, a própria filial da BANDAI no México se encarregou em reintroduzir a série no mercado mexicano, que reestreou em 1996 com o nome que todos conhecemos, sendo um enorme sucesso em audiência.
Se analisarmos os anos de 1995 e 1996, o cenário da franquia Dragon Ball ainda era um tanto imaturo no mercado norte-americano, principalmente a série Dragon Ball Z. Mesmo já razoavelmente popular em solo mexicano, o mesmo não era uma realidade em solo estadunidense. Além do mais, os personagens de Super Butoden 2 se referem a uma fase muito avançada da história de Dragon Ball Z em relação aos acontecimentos da série Dragon Ball exibida na TV.
A possibilidade da BANDAI ter inicialmente se interessado em lançar Super Butoden 2 em solo norte-americano era grande, aproveitando-se da provável popularidade que a série animada pudesse alcançar, tal como ocorrera na Europa. Todavia, a impopularidade inicial da série, sobretudo a incompatibilidade de lançar um jogo da franquia que fosse ao mesmo tempo atual e que se passasse próximo aos acontecimentos da série televisiva, devem ter influenciado a BANDAI a cancelar o projeto.
Dragon Ball Z 1997 Tokyo Toy Show Motion Capture Exhibition
Plataforma: Provavelmente Saturn ou Playstation (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 1997
A Tokyo Toy Show (東京おもちゃショー) é considerada a maior feira anual de brinquedos do Japão. Nela, o público tem a oportunidade de ver ou obter em primeira mão alguns dos brinquedos mais recentes e inovadores no mercado, desde bonecos em miniaturas a jogos eletrônicos.
A Tokyo Toy Show reúne inúmeras empresas durante os quatro dias de exposição na Tokyo Big Sight, o maior espaço de convenções do Japão, devido ao grande público. A feira é geralmente palco de demonstrações de jogos ainda em estágio inicial de produção, tendo como exemplo mais famoso o jogo Sonic the Hedgehog (Mega Drive), que em Junho de 1990 deu as caras pela primeira vez nessa feira, em uma demo jogável com elementos que depois foram retirados da versão final. Essa demo é conhecida pelos fãs como Sonic the Hedgehog 1990 Tokyo Toy Show Demo.
Em 1997, durante os dias 22 de março, a BANDAI apresentou ao público, além de diversos jogos eletrônicos relacionados a até então famosa franquia Tamagotchi, uma curiosa parafernália com diversos sensores de movimentos e um telão com uma espécie de exibição relacionada a franquia Dragon Ball.
Por anos, a única imagem que tínhamos referente a essa exibição era de um rapaz simulando um Kamehameha, que é executado com perfeição por um Goku todo feito em polígonos. Ao lado do telão, temos uma imagem do personagem Buu e uma mulher provavelmente fazendo a apresentação. Porém, em 2024, um vídeo com uma rápida demonstração da tal parafernália apareceu nas redes sociais, onde não só o Kamehameha era executado na demonstração, como a Genkidama e até o Makankosappo do Piccolo, porém executado pelo Goku, através da captura de movimentos.
Sabe-se que meses mais tarde a BANDAI lançou o jogo Dragon Ball Final Bout para Playstation. Sabe-se também que Dragon Ball Final Bout foi o primeiro jogo poligonal da franquia. Paralelo a isso, a única informação de que temos conhecimento que descreve essa exibição ocorrida na Tokyo Toy Show advém de um site japonês, chamado PC Watch, inclusive a imagem que circulou por anos na internet pertencia a esse site, com data de publicação de 21 de março de 1997.
Fonte: http://pc.watch.impress.co.jp/docs/article/970321/game.htm
Dos rumores que se tem conhecimento, propagados a partir dessa imagem e desse site japonês, esta exibição seria a Demo de algum jogo em fase bem inicial de desenvolvimento para Playstation e Saturn e consistia utilizar algum sensor de movimento para realizar ações dentro do jogo. Outros rumores alegam que a tal Demo refere-se a um jogo que seria produzido exclusivamente para o Saturn. Lembramos que não existe jogo poligonal sequer baseado na franquia Dragon Ball para Saturn e que, como dissemos anteriormente, Dragon Ball Final Bout, o único jogo poligonal da franquia na era 32-BITS, foi lançado exclusivamente para o Playstation.
Cogita-se a ideia de que essa apresentação tratava-se de uma Tech Demo com o objetivo de introduzir uma até então nova perspectiva em 3D para os jogos da franquia. Acontece que Dragon Ball Final Bout já estava em desenvolvimento.
Cogita-se também que essa exibição tratava-se do desenvolvimento de algum sensor de movimento para fins domésticos, utilizando ou não a franquia Dragon Ball. Lembrando que a partir de 2006, a BANDAI lançou alguns jogos de Dragon Ball Z utilizando um simples sensor de movimento, sob a marca lançou o Let’s! TV Play.
Cogita-se ainda a ideia de que essa exibição seria uma Demo para o jogo Dragon Ball Final Bout ou até mesmo uma Tech Demo que serviu de base para o desenvolvimento do jogo para Playstation. Acontece que o jogo foi lançado alguns meses depois dessa exibição, além do que Dragon Ball Final Bout também teve algumas demonstrações técnicas divulgadas para o público, durante sua fase de desenvolvimento. Sem contar que a versão final de Dragon Ball Final Bout aborda mais a temática da série Dragon Ball GT e o Goku que aparece na exibição da Tokyo Toy Show refere-se a série Dragon Ball Z. Porém, Final Bout não excluiu personagens diretos da série Dragon Ball Z, como Freeza, Cell e Trunks do Futuro.
Por fim, o uso de captura de movimentos era algo que começava a se popularizar no mercado dos jogos. Logo, é bem possível que a parafernália usada na exibição da Tokyo Toy Show seja na verdade apenas algum teste relacionado a essa tecnologia.
Definitivamente, o material exibido na Tokyo Toy Show não é capaz de reunir certezas sobre seu propósito. E são essas incertezas que o tornam tão curioso. Uma única imagem, um recente vídeo revelado em 2024, um único site e diversas teorias. Com o tempo, conjecturas tornam-se fatos, fatos se confundem com rumores e a verdade se obscurece. Por isso, deixemos essa exibição da Tokyo Toy Show sem denominação específica.
DragonBall Z 2002 Nintendo GameCube Project [LOG GC & GBA Project]
Plataforma: Game Boy Advance (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 2002
Em 26 de abril de 2002, foi publicado no site da Gamepro uma interessante matéria, chamada “O Futuro de Dragon Ball Z”. Nessa matéria, Paul Rinde, vice presidente senior da Infogrames (que posteriormente se tornou a ATARI), deu uma entrevista destacando interessantes projetos de jogos relacionados a franquia, que ainda precisavam ser aprovados oficialmente. Um deles envolvia o Nintendo GameCube.
Rindle menciona que o projeto para GameCube se relacionaria com os futuros jogos da trilogia Legacy of Goku, também anunciados por ele na entrevista, a serem lançados pela então Infogrames entre dois a três anos. O jogo seria lançado em 2003 e, ainda segundo palavras do próprio Rindle, “o jogo para GameCube seria um produto muito maior e mais elaborado que qualquer um dos jogos a serem lançados para o Game Boy Advance, melhorando também a experiência deles”.
Este projeto seria um jogo de ação/ RPG para 1 jogador, com alguns elementos de Legacy of Goku e com a possibilidade de jogar com até 36 personagens da saga Dragon Ball Z. A história ainda estava sendo idealizada, mas desde cedo o objetivo do projeto era fazer com que o enredo se conectasse com a série Legacy of Goku. Além disso, seria possível transferir valiosos power-ups, personagens e outras coisas mais entre os dois sistemas. Rinde também salienta que a transferência de informações a partir da versão GameCube para a versão portátil melhoraria a jogabilidade dos jogos de Game Boy Advance.
De fato, ao longo dos anos o Game Boy Advance recebeu ao todo dois jogos da franquia Legacy of Goku, além de Dragon Ball Z: Buu’s Fury, considerado uma continuação direta, mas nenhum título que interagisse com esses jogos foi lançado para o GameCube.
Dragon Ball X
Plataforma: Playstation 2 (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 2002
Paul Rindle, vice presidente senior da Infogrames, em uma entrevista a Gamepro no dia 26 de abril de 2002, falou sobre diversos projetos de jogos relacionados a Dragon Ball. Entre eles, um a respeito de um jogo exclusivo para Playstation 2.
Rindle esclarece que o jogo de Dragon Ball para Playstation 2 teria um nível de complexidade muito diferente da então versão de Dragon Ball que supostamente estaria sendo produzida para o Nintendo GameCube, descrito nessa mesma entrevista.
Segundo Rindle, o Universo de Dragon Ball seria muito maior que o da versão para GameCube, com uma história além da vista na trilogia da franquia. O jogo contaria com elementos de ação e de aventura, com um número significativo de elementos de combate.
O título para Playstation 2 teria mais de 30 personagens disponíveis, com planos para um modo multiplayer que permitiria entre seis a oito jogadores participassem da jogatina, porém isso dependeria da SONY em desenvolver um sistema online funcional para tanto para o console quanto para o jogo.
Nenhum jogo com proposta similar foi lançado para o Playstation 2.
Dragon Ball Z XBOX Concept
Plataforma: XBOX (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 2002
Paul Rindle, vice presidente senior da Infogrames, em uma entrevista a Gamepro no dia 26 de abril de 2002, falou sobre diversos projetos de jogos relacionados a Dragon Ball. Entre eles, um possível jogo para o console XBOX, que estaria a caminho e com data de lançamento prevista para um dia qualquer de 2003.
O único jogo lançado para XBOX foi Dragon Ball Sagas, em 2005. Lembrando que Sagas também foi lançado para Playstation 2 e GameCube.
Dragon Ball Z PC Project
Plataforma: PC (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 2002
Paul Rindle, vice presidente senior da Infogrames, em uma entrevista a Gamepro no dia 26 de abril de 2002, falou sobre diversos projetos de jogos relacionados a Dragon Ball. Entre eles havia a expectativa de Rindle no lançamento de um jogo da franquia para computadores.
Rindle ainda diz que o jogo para PC seria um jogo de ação em primeira pessoa, porém sem dar informações concretas de qual engine seria usada. O jogo tinha previsão de lançamento ainda para o ano de 2002.
Nenhum jogo para PC foi lançado tanto pela Infogrames quanto pela ATARI.
DragonBall Z: Legacy of Goku IV
Plataforma: Game Boy Advance (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 2004
Em Junho de 2004, a ATARI anunciou em seu site oficial a produção de dois novos jogos para Game Boy Advance: DragonBall Z: Legacy of Goku IV e DragonBall: Red Ribbon Army Saga. Tal anúncio foi rapidamente disseminado nos principais sites especializados em jogos da época. Previsto para 2005, DragonBall Z: Legacy of Goku IV foi anunciado antes mesmo do lançamento oficial de Dragon Ball Z: Buu’s Fury, sequência direta de Legacy of Goku II e que foi lançado em 14 de setembro de 2004.
Lembremos que a franquia Legacy of Goku possui apenas dois jogos que carregam esse título. Apesar de Dragon Ball Z: Buu’s Fury ser uma continuação direta de Legacy of Goku II e, inclusive, ter sido inicialmente referenciado pela própria ATARI/ Webfoot Technologies como Legacy of Goku III, o jogo oficialmente não carrega qualquer referência a franquia.
Fato é que Legacy of Goku IV nunca foi lançado. Entretanto, a ATARI lançou em 9 de agosto de 2005 o jogo Dragon Ball GT: Transformation, quase um ano depois do até então anúncio da quarta sequência de Legacy of Goku. E sabe-se que na época a ATARI utilizou imagens genéricas de Dragon Ball GT e referências a essa franquia na página que descrevia Legacy of Goku IV, hoje fora do ar. Além disso, o mesmo endereço eletrônico de Legacy of Goku IV foi utilizado tempos depois para propagandear GT: Transformation. O endereço em questão era http://www.atari.com/us/games/dbz_goku4_gba_action/ . E por fim, as primeiras urls que descreviam GT: Transformation, listadas no site da ATARI, continham a extensão “log_4”, abreviação de Legacy of Goku 4.
De qualquer forma não há como comprovar que GT: Transformation seja de fato o produto final do então projeto (ou Vaporware) Legacy of Goku IV, ainda mais que a ideia da franquia Legacy of Goku é um RPG ao contrário de GT: Transformation, que é um Beat ‘em up.
DragonBall: Red Ribbon Army Saga
Plataforma: Game Boy Advance (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 2004
DragonBall: Red Ribbon Army Saga foi anunciado pela primeira vez em Junho de 2004, junto com o também cancelado DragonBall Z: Legacy of Goku IV, no próprio site oficial da ATARI. Ao contrário de Legacy of Goku IV, Red Ribbon Army Saga teve uma notável descrição sobre o mesmo, com lançamento programado para 2005:
“Na sua contínua saga para reconquistar a Esfera do Dragão que representa a essência espiritual do seu amado avô, Goku fica aterrorizado ao descobrir que morte e destruição parecem segui-lo de perto. Ele rapidamente descobre que a fonte do caos é Exército Red Ribbon, que também está na perseguição das sete Esferas do Dragão, que quando reunidas, darão ao seu dono um desejo.
O mais complicado desafio de Goku acontece mais a frente, quando ele enfrenta os malignos generais da Red Ribbon, Assassinos Contratados e por último o Exército da Muscle Tower. Durante a sua jornada, ele conhecerá interessantes personagens que se tornarão grandes aliados ou terríveis inimigos.”
Nada mais se sabe a respeito de Red Ribbon Army Saga. Suspeita-se que ele na verdade fosse o nome provisório de Dragon Ball: Advanced Adventure, lançado primeiramente no Japão em Novembro de 2004 pela Banpresto/ Dimps. Entretanto, o jogo não foca exclusivamente na saga Red Ribbon. O endereço eletrônico que noticiou pela primeira vez o jogo Red Ribbon Army Saga (atualmente fora do ar) era http://www.atari.com/us/games/dbz_red_ribbon_gba_action/ .
Dragon Ball Z Saiyan Smash
Plataforma: Playstation 2 e Gamecube (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 2004
Em Outubro de 2003 surgiu um rumor sobre um novo jogo de Dragon Ball Z, previsto para o terceiro trimestre de 2004 para os consoles Playstation e Gamecube. Tratava-se de Dragon Ball Z Saiyan Smash. Sites como Gamekult, Eletrolado e Vandal espalharam a notícia, que rapidamente pipocou em diversos outros sites, inclusive os de e-commerce (a maioria alemães), que já prometiam a venda dele e de alguns outros títulos anunciados extraoficialmente poucos meses depois.
Ainda em Outubro de 2003, o próprio site oficial da Nintendo of America listou Saiyan Smash como título previsto para o Gamecube. Entretanto o link rapidamente foi retirado do ar… e nunca mais voltou! O link em questão era: http://nintendo.com/games/gamepage/gamepage_main.jsp?gameId=1967&showMe=1 .
Em Fevereiro de 2004, o presidente da ATARI na época, Bruno Bonell, anunciou em uma conferência a produção de mais cinco novos jogos de Dragon Ball Z, todos a serem lançados em 2004. Eis que uma onda de boatos e de informações desencontradas brotaram. Saiyan Smash já era dado como título garantido, assim como outros jogos que tiveram seus nomes divulgados e disseminados na internet: Dragon Ball Z Super Sonic Warriors (que mais tarde descobrimos ser a versão americana de Dragon Ball Bukutogeki para Game Boy Advance), Dragonball Z-Sky Batte (posteriormente revelado como nome conceitual para o então Super Sonic Warriors/ Bukutogeki), Legacy of Goku III (posteriormente chamado de Buu’s Fury) e Dragon Ball Z Budokai 3.
Apesar de tudo parecer bastante confuso, em Fevereiro de 2004 surgiu uma lista de lançamentos divulgada internamente pela ATARI para os distribuidores europeus. Nessa lista, vemos nomes já esperados como Legacy of Goku III e o tão enigmático Saiyan Smash. Na época, a ATARI não confirmou a veracidade dessa lista.
Dragon Ball Z Saiyan Smash nunca viu a luz do dia. Cogita-se que Saiyan Smash seja o projeto ou nome conceito para Dragon Ball Z Sagas, lançado para Playstation 2, Gamecube e XBOX em Março de 2005. Mas isso também não passa de boato.
Dragon Ball GT: Transformation 2
Plataforma: Game Boy Advance (Nunca lançado comercialmente)
Ano de Produção: 2005
Em Maio de 2005, a Gamepro anunciou em seu site que a continuação de Dragon Ball GT: Transformation já estava em fase de desenvolvimento e com uma previsão de lançamento para Novembro de 2005, apenas 4 meses depois do lançamento do até então primeiro Transformation, lançado em Julho.
A notícia rapidamente se espalhou, inclusive alguns sites de e-commerce chegaram a disponibilizar links com o até então novo jogo para uma futura pré-venda.
A suposta data de lançamento de Dragon Ball GT: Transformation 2 foi alterada diversas vezes. Em 2006, a Gamespot chegou a anunciar em seu site a previsão de lançamento para Março de 2006, que foi alterada para o segundo quadrimestre de 2006, depois para 26 de Setembro de 2006, para algum dia qualquer de 2007, até finalmente ser anunciado como um título cancelado. As informações de Transformation 2 no site da Gamespot podiam ser vistas no link (hoje, fora do ar) http://www.gamespot.com/gba/action/dragonballgttransformation2/index.html .
Não se sabe ao certo se Dragon Ball GT: Transformation 2 foi apenas um Vaporware da própria ATARI ou um mero hoax emitido pela Gamepro, Gamespot ou outro site aleatório. Outra hipótese é que a então desenvolvedora de jogos Webfoot Tecnologies, responsável pelos principais jogos de Dragon Ball produzidos no Ocidente e distribuídos pela ATARI, poderia estar de fato produzindo uma continuação, porém por razões diversas ela não ocorreu.