Akira Toriyama – World Guides
Em 1998, a Animerica publicou partes traduzidas da entrevista de Akira Toriyama para a World Guides. Esse artigo é obrigatório para os fãs de Dragon Ball!
Início
Descubra o que aconteceu na criação da lenda do mangá e anime Dragon Ball, ao passo que o criador Akira Toriyama nos satisfaz com os segredos de sua arte, o que Goku deve à Monkey King e Jackie Chan e a surpreendente origem do Kamehameha à tempo para a estréia da série de mangá Dragon Ball na América do Norte.
O estilo de Akira Toriyama é daqueles que você identifica na hora, mesmo no meio de um mar de outros artistas de mangá – ninguém consegue fazer igual. As personagens masculinas de Toriyama são mais baixas, mais redondas e, de alguma maneira, mais duras, com uma combinação de olhos tipo Tezuka, músculos pulsantes e bocas sorridentes e cheias de dentes. Suas personagens femininas tem seu próprio traço de sensualidade sólida e encantadores olhos vesgos, e simplesmente, ninguém tem um traço melhor ao desenhar crianças. Assim como crianças de escola, as personagens de Toriyama dominam seu espaço no papel como se fosse seu próprio estado independente – quando eles gritam, correm, voam, chutam, socam ou voam com uma explosão de poder, você quase sente o estouro de energia.
Toriyama traça suas origens como artista aos seus tempos de escola primária. Até hoje, ele lembra da primeira vez que seu desenho começou a emplacar. “Minha primeira memória de um desenho satisfatório foi o de um cavalo”, diz ele. “Eu ainda lembro dele. Eu sabia que tinha feito as juntas direito”.
“Eu sempre gostei de desenhar”, ele continua. “Quando eu era pequeno nós não tínhamos tantas formas de entretenimento como nós temos hoje, então ficávamos todos desenhando. Na escola primária, nós ficávamos todos desenhando mangás ou animações e mostrando uns aos outros”. Mas quando eu lhe perguntei se esse auto-treino passado em desenho foi o que o levou à seguir a carreira de artista de mangá, Toriyama foi cético. “Talvez” ele disse. “Eu só continuei desenhando. Nós todos nascemos com as mesmas habilidades para desenho, não nascemos? Eu começei à fazer perfis de amigos e começei a achar divertido desenhar”.
Como relação ao que ele desenhou anteriormente, Toriyama aponta para os shows animados populares de hoje. “Eu não me lembro do primeiro show animado que eu vi, mas o que eu tenho lembranças fanáticas é Tetsuwan Atom. Eu costumava mandar cupons para colecionar pôsteres do Atom”. Nada muito surpreendente aqui, já que Tetsuwan Atom de Osamu Tezuka (a.k.a. Astro Boy) é lembrado fanaticamente por quase todos os japoneses que cresceram enquanto a série estava no ar. Mais surpreendente é a presença de Walt Disney no começo da carreira de Toriyama.
“Quando eu era criança tinha um curso de desenho na vizinhança”, Toriyama diz. “As crianças iam lá e desenhavam figuras. Eu me lembro de desenhar os 101 dálmatas e ganhar um prêmio. Aquilo deve ter entrado na minha cabeça e me fez o que eu sou hoje”, ele ri.
À parte de Atom e 101 Dálmatas (“Eu me lembro daquele filme pelo belo desenho”), Toriyama se lembra de assistir Tetsujin 28, 8-Man e o show de TV Osamatu-feun. “Nós todos imitávamos o ‘shee’ de Iyami daquele show”, ele se lembra fanaticamente. Mais tarde, na sua carreira no Ensino Fundamental, ele começou a gostar de shows de heróis fantasiados e filmes de monstros.
Beirando o penúltimo ano de estudo, seu gosto começou a direcionar-se para filmes normais e teatrais, mas suas bases não foram esquecidas. Toriyama confirma que as poses das Forças Especiais Ginyu foram baseadas nos shows de ação que ele assistia com seu filho. “Aqueles shows são bem divertidos”, ele admite.
Negócio Duvidoso
Antes de criar Dragon Ball, Toriyama já era bem conhecido no Japão por seu mangá de comédia (e também mais tarde pelo anime) Dr. Slump, a história de uma pequena e bela garota robô e suas travessuras com a família de seu inventor. O início de Dragon Ball veio dos infernos de Dr. Slump. “Terminando Dr. Slump, eu me aconselhei várias vezes com meu editor sobre o que fazer para a minha próxima série” Toriyama diz, “Eu sempre gostei de Jackie Chan, vi seu Drunken Master II muitas vezes. Torishima me encorajou a desenhar um manga de kung fu já que eu gostava tanto daquilo. Aquele foi o primeiro Dragon Boy que eu desenhei. Os leitores gostaram, então eu decidi que minha próxima série seria nesse caminho”.
Para dar uma mudada no cenário com estilo de arte “Costa Oeste Americana” de Dr. Slump, Toriyama decidiu manter as origens de Drunk Master para a sua nova série em mente e focalizar-se na China.
“Se vai ser chinês, pode ser também de Monkey King”, Toriyama decidiu. “O Monkey King é, apesar de tudo, um conto exagerado com aventura”, ele diz. “No entanto, eu decidi ir com um Monkey King com alguns elementos de ligação. Eu achei que seria fácil de organizar com uma história de base pronta”. O Monkey King, conhecido no Japão como Saiyuki ou “A Jornada ao Oeste”, é uma lenda conhecida por toda criança japonesa como o modelo de aventura. Uma idéia antiga de desenhar Goku como um macaco de verdade, no entanto, foi descartada como não oficial. “Aquilo seria a cópia exata de Monkey King. Aquilo não mostraria um pingo de criatividade, então eu decidi fazer o personagem principal humano. Eu queria um garoto humano normal, mas aquilo não teria caráter”. No final das contas, Toriyama decidiu adicionar um pequeno extra.
“O personagem principal em Dragon Boy tinha asas, então eu queria algo imediatamente óbvio como aquilo. Então Goku ganhou sua cauda. Daquela maneira ele poderia se esconder atrás de uma pedra, mas se sua cauda aparecesse, os leitores poderiam saber que ele estava ali. Então eu adicionei as Dragon Balls que realizam um desejo quando você junta todas as sete. Eu achei que poderia fazer uma história de aventura do tipo Monkey King”.
Em harmonia com o conto de Monkey King, Toriyama ajustou seus personagens de apoio para substitutos dos companheiros tradicionais de Goku na jornada. Bulma toma o lugar de Sanzo, o sacerdote, que arma os poderes de Goku, Oolong toma o lugar de Hakkai, o porco e Yamcha é Gojo, o monstro do rio. Os paralelos são quase exatos, com pequenas variações – na lenda original de Saiyuki, o Monkey King é obrigado a trabalhar para Sanzo por uma faixa dourada a qual o sacerdote pode contrair com uma palavra. No mundo de Toriyama, Oolong é quem recebe a ordem repressora de um tipo que é de alguma maneira diferente de Bulma (Doce PP). Até o objetivo do grupo de coletar as Dragon Balls se deve à busca de Monkey King e seus companheiros pelos sutras sagrados e sem preço. As Dragon Balls tem o poder de realizar os sonhos – certamente não tem preço. Mas aparentemente, a idéia original de Dragon Ball não foi além dessa primeira jornada estilo Saiyuki pelas Dragon Balls. “No começo, eu planejava terminar Dragon Ball quando todas as esferas fossem coletadas”.
Artes Marciais e Merchandising
Embora o sucesso de Toriyama com Dr. Slump tivesse sido aclamado o suficiente para qualquer artista se aposentar, Dragon Ball foi um sucesso tão grande que ofuscou completamente seu predecessor. Serializado na antológica revista semanal de mangá SHONEN JUMP (que vende de quatro a seis milhões de exemplares por semana) de 1984-1995, Dragon Ball se tornou uma das séries de mangá e anime mais amplamente conhecidas na história do Japão, mas aquilo era apenas a ponta do iceberg. Edições estrangeiras do mangá de Toriyama foram traduzidas e publicadas em países de toda a Ásia e Europa como Malásia, Tailândia, Indonésia, Hong Kong, Coréia, Taiwan, Itália, França e Espanha, e a versão animada de Dragon Ball foi vista na França, Espanha, Bélgica, Itália, Grécia, México, Brasil, Filipinas, Indonésia, Coréia, Taiwan e Hong Kong. Assim que você adiciona CDs, video-games e um mega merchandising por todo o globo, as vendas de produtos Dragon Ball são estimadas em U$ 3 bilhões em todo o mundo.
Mas como isso tudo aconteceu? O quê lançou tanta popularidade? De acordo com Toriyama, “O mangá não era tão popular antes do TenkaIchiBudokai (Torneio de artes marciais). Torishima me disse uma vez: “Seu personagem principal é muito calmo. Por isso que ele não é tão popular”. Eu queria ganhar os leitores com a história dessa vez, e eu até fiz o esforço de fazer um personagem com roupas normais, então eu fiquei irritado e disse a ele: “Eu vou fazer algo para as multidões, então”.
“Nos dias de Dr. Slump, histórias de eventos e torneios como o Penguin Village Grand Prix (Grand Prêmio da Vila Pingüim) eram populares”, Toriyama continua. “Então eu decidi fazer um torneio simples. Assim surgiu o TenkaIchiBudokai. Todos os personagens, exceto Goku, caíram fora, Mestre Kame (Tartaruga genial) voltou e o novo personagem Kurilin apareceu. Imediatamente a popularidade subiu”.
Esse material “agrada-multidões” se tornou a marca da segunda série animada, Dragon Ball Z, baseado em luta-luta-luta. Toriyama levou as artes marciais além até dos mais exagerados excessos dos filmes de ação de Hong Kong e até a alma dos super heróis. Em Dragon Ball, se você treinar duramente, você pode voar, atirar bolas de energia, se dividir em corpos múltiplos, teleportar e até mesmo fundir dois seres em um com os poderes dos dois. Mas isso só quando você treina duro o suficiente, lembre-se.
“Quando você pensa no personagem Goku, a sua melhor descrição é que ele quer ficar forte, então eu decidi mostrar mesmo isso”. Mas mesmo assim, Toriyama tinha que trabalhar para sua audiência pelo motivo das novas artes marciais de Dragon Ball – super poderes ou não, nem mesmo Super Saiyajins conseguem facilmente. “Goku só ganha pela primeira vez no terceiro torneio”, ele diz. “As pessoas em volta de mim diziam que todos eles sabiam que Goku iria ganhar. Eu sou tão contrário ao que as pessoas dizem que se disserem aquilo eu saio do meu caminho para fazê-lo não ganhar”.
Cenas de uma luta
Os fãs de DBZ concordam – a força da série está nas suas extensas cenas de luta entre personagens cada vez mais fortes. O desafio do artista para tais histórias é manter o suspense, mesmo em lutas que duram vários episódios.
“Você não pode mostrar sempre a mesma luta”, Toriyama confirma. “Nos tempos passados, Goku ainda era pequeno, então estava tudo bem, mas na segunda metade (da história), as lutas se expandiram. Eu tive que inventar ataques mais poderosos”. Assim, a forma “Super Saiyajin” de aumentar o poder de um personagem surgiu. “Pessoalmente eu sinto que há um limite de quão forte se pode ser, então (power-ups) são geralmente fruto do desespero”. O visual distinto de um Super Saiyajin – cabelo loiro e espetado, músculos saltados, poder estalando como um energético – teve sua própria inspiração. “Eu não planejava de Goku virar um Super Saiyajin, então quando eu sugeri a idéia do Super Saiyajin, eu achei que sua aparência também deveria mudar para mostrar seu aumento de poder. Em termos de design, sua expressão é mais a de um inimigo, não é? Eu tive dúvidas se era aquilo que ele deveria se tornar, mas desde que ele iria se transformar à partir da raiva, eu decidi que aquilo era aceitável. Foi uma idéia muito ousada. Quanto aos inimigos, eles se transformam se meu editor disser que não gostou”, ele ri.
Uma forma de power-up que surgiu mais tarde, Fusão – o processo de dois guerreiros combinando em uma forma ainda mais dura, assim como a fusão de Trunks e Goten, Gotenks – teve sua origem: “Eu estava conversando e dizendo que nada é mais forte que um Super Saiyajin”, Toriyama ri. “Normalmente, Masakazu Katsura (Video Girl Ai) e eu só falamos de coisas bobas, mas ele disse: ‘Você pode sempre fundi-los’. Eu lhe disse que ele havia dito algo útil pela primeira vez”. O conceito de fusão aumentou o humor de certas cenas de luta, mas Toriyama não vê problema em ter mais risadas que machucados em seu mangá. “Se a história ficasse muito séria, minha pressão ia subir, e pessoalmente, eu não gosto disso. Eu sempre achei que mangá é para entretenimento completo”. Por outro lado, quando se pergunta para Toriyama qual a sua história preferida de Dragon Ball, ele esquece os contos mais leves e escolhe a história do pai de Goku, Bardock. “É uma história bem dramática que eu nunca desenhei. Eu tenho que ver um tipo diferente de Dragon Ball de um jeito bom”.
Falando de entretenimento, que tal o ataque personalizado de Kame Sennin (Mestre Kame), o KameHameHa? De onde veio essa idéia? “Eu não gosto muito de dar nomes aos ataques”, Toriyama diz. “Eu não acho que os personagens vão ficar gritando os nomes de seus ataques em situações de vida ou morte. Você morreria enquanto grita o nome do seu ataque”, ele ri. “Mas meu editor disse que eu sou melhor de longe em dar nomes aos ataques. KameHameHa é invenção da minha esposa. Eu estava agonizando, ‘É o ataque do Kame, chamado algumacoisa-ha! Algumacoisa-ha!’ Então ela sugeriu Kame-Hame-Ha. Era incrível. Era tão bobo que se encaixava perfeitamente à imagem do Kame Sennin”.
Quando os mundos colidem
O mundo que aparece em Dragon Ball é como a Terra, mas não exatamente igual a Terra. Um lugar de vastas extensões desérticas como que saído de um desenho do Papa-léguas; ilhas tropicais com palmeiras; cidades enormes e agitadas como nos filmes futuristas; vilas como as casas dos Munchkins em O Mágico de Oz. Botões onipresentes e bugigangas expansíveis da Capsule Corporation, diretamente de Os Jetsons, com beleza e tecnologia; A moto aérea de Bulma nos primeiros episódios parece um aspirador de pó da Electrolux modificado para correr – utensílios de cozinha dos anos 50 para um rico mundo de desenho.
“Todas as palavras que eu desenhei no mangá são diferentes do mundo real, desde o primeiro mangá”, Toriyama diz. “Você não pode dizer onde fica a Vila Pingüim… Kishman parecia um pouco mais real, mas você não consegue localizá-la no mapa também. É mais fácil, apesar de tudo – meu padrão para fazer uma escolha é facilidade. Se algo é baseado no mundo real, eu tenho que usar referências para construções e veículos. Desse modo, eu posso decidir cada ajuste que eu quero e desenhar livremente”.
Dragon Ball, no entanto, usou de alguns lugares do mundo real como base. “Minha esposa estava encantada com a China na época, então eu usei alguns livros de fotos que ela havia comprado. Também, antes do seriado começar, eu fui para Bali com meus familiares e assistentes. A Ilha Papaia, onde acontece o torneio TenkaIchi, foi modelada completamente após Bali”. Outras situações onde Toriyama foi forçado a usar referências da vida real foi a localização de uma espaçonave enterrada (“Eu usei uma coleção de fotos africanas para isso”) e várias terras desoladas e áridas. “As histórias mais tardias todas aconteceram em terras desoladas, então era duro desenhá-las diferentemente. Eu mudava o cenário toda vez. Eu mudava a forma das rochas ou as montanhas ao longe. “Eu tinha que fazer com que os leitores soubessem que aquele lugar era diferente do da última vez – seria chato usar toda vez o mesmo cenário”.
“Tem sido um hábito meu desde a infância sempre estar olhando tudo ao meu redor”, ele continua. “Quando eu vou fazer compras eu me divirto mais olhando a cidade do que comprando. Pro meu trabalho, o cenário da cidade, coisas pequenas e as roupas das pessoas são todos úteis – também, as coisas variadas que eu tinha que desenhar quando era empregado. Eu reclamaria de ter que desenhar cem pares de meias”, ele ri. “Em retrospecto, aquele até que foi um exercício útil”. Ao invés de desenhar o que ele vê, ele diz “Eu gravo isso na minha visão, então eu normalmente falho quando vou tentar desenhar isso depois. ‘Era assim mesmo?’ Mas eu retenho a imagem geral das coisas. Eu confio naquela não-tão-completa memória exata para desenhar as coisas. Eu provavelmente posso desenhar quase tudo desse jeito”.
Filmes são outra fonte para suas idéias, embora ainda mais subconsciente que suas observações nas ruas. Toriyama não assiste tantos filmes que os deixa jogados ao fundo enquanto ele trabalha (“Legendas não são boas para mim – Eu não consigo trabalhar!”), mas às vezes, pequenas inspirações aparecem. “Em termos de história eles são inúteis”, Toriyama diz. Mas como mostrar as coisas, como explosões, onde as coisas não explodem simplesmente – elas tem que brilhar primeiro e então o som deve seguir com um pouco de atraso. Além disso, os filmes de Jackie Chan devem ser uma referência para o ritmo das batalhas.
“A única outra possibilidade onde eu possa usar referências para a minha arte seria desenhando carros e aviões”, Toriyama continua. “Modelos plásticos são úteis. Você pode examiná-los por qualquer ângulo enquanto desenha os carros”. Essa necessidade de detalhes, aparentemente, é parte do que levou ao estilo engraçado e caricaturado de Toriyama para desenhar máquinas e outros aparelhos. “Se você quiser desenhar algo exatamente do jeito que ele é, leva uma quantidade enorme de tempo. Se você não pega os detalhes direito, as imperfeições vão se acumular em algum lugar. Mas não há problema se está caricaturado. Eu tento terminar o mais rápido possível”.
“Eu provavelmente me divirto mais criando veículos originais”, ele continua. “Eu geralmente considero detalhes do tipo como entrar neles e onde ficam seus motores. Quando você desenha um carro real, você tem que obter algumas referências. Eu odiaria ter alguém me dizendo que está errado”, ele ri. “Mas se é algo que eu inventei, eu posso fazê-lo do meu jeito”. De fato, esse estilo caricaturado é essencial para o mundo de Dragon Ball como um todo. “Meu mangá é no estilo de comédia vulgar, então, se os personagens são caricaturas humanas, seria estranho se as outras coisas não fossem caricaturadas”.
Além da versão da Terra de Dragon Ball, a série mergulha em muitas aventuras “fora do mundo” – no planeta Namek, procurando pelas Dragon Balls mais poderosas. “Eu inventei a arquitetura e as naves de Namek baseado no trono de Piccolo. Eu só pensei em fazer o conjunto coerente quando eles foram para Namek”, Toriyama afirma. Outra ambientação única são o paraíso e inferno bem asiáticos de Dragon Ball, onde Gokou passa boa parte da série tentando voltar para a Terra. A introdução de Toriyama, porém, é longe da típica. “O santuário de Deus parecia particularmente místico, então eu achei que funcionaria para fazer os outros lugares parecerem mundanos. Então Emma Daioh (rei do Mundo dos Espíritos, cidade de Hades) e os ogros aparecem vestindo ternos como homens de negócio”. O “afterlife” (morte), na visão de Toriyama, é cheia de referências à rotina da Terra – desde caminhões de limpeza no Caminho da Serpente até ogros vestindo camiseta e roupa de cooper e almas viajando para o paraíso de avião. Na explicação, Toriyama se refere a um mapa mundi na coleção de ilustrações de Dragon Ball.
“Esse mapa é algo que eu desenhei originalmente à pedido de um animador, mas eu usei a oportunidade para fazer o mundo completo. Eu geralmente faço a história primeiro e depois o mundo. Um verdadeiro artista de mangá provavelmente desenharia o mapa primeiro e depois pensaria na história. Isso pode fazer parecer que eu trabalho sem pensar, mas não é verdade. Eu tenho uma vaga noção antes de começar a história”.
Brincando de Deus
No mesmo caminho, a abordagem de Toriyama para o design do personagem é a de criar personagens para se encaixarem a sua história. Em Dragon Ball, até a premissa de que os personagens eram aliens foi algo que Toriyama só inventou na hora. “Eu não pensava que Goku fosse ser um alien quando ele tinha cauda ou se transformou num macaco gigante. O mesmo com Piccolo. Eu vim sugerindo aquilo quando Deus (Kami Sama) apareceu. Eu geralmente proponho uma explicação mais elaborada”.
Do mesmo modo, Toriyama começa o design de seus personagens com a personalidade, preenchendo os detalhes conforme ele avança. “Eu começo com o rosto e enquanto eu faço o rosto, eu penso no físico. Depois da cabeça e do corpo, eu tenho uma noção de um traje que seria adequado para o mundo onde ele vive ou, para um lutador, algo que seria confortável durante a batalha. Basicamente eu penso em monocromo – depois que eu invento os personagens, seus projetos de cores estão rudemente acertados na minha mente. É claro que eles saem diferentes quando eu vou colori-los no papel”.
Dragon Ball à parte, hoje em dia Toriyama é possivelmente mais conhecido como designer de video games, especialmente na América, onde animação japonesa e quadrinhos estão apenas começando a pegar. Os personagens de Toriyama para video games populares como Chrono Trigger e Tobal nº 1 são instantaneamente reconhecíveis, quase a ponto de serem personagens que poderiam facilmente ter aparecido em Dragon Ball (Nós sabemos de um fã de DBZ que usou o recurso de customização em Tobal nº 2 para fazer uma réplica de Gotenks). Toriyama fala de suas aventuras desenhando para video games que foram provavelmente sugeridas à ele por seu editor. “No começo eu não queria”, ele diz, “mas eu expandi meus horizontes”. Sobre a diferença entre desenhar personagens para vídeo games e desenhar para mangá ou animação, Toriyama admite que “É diferente”, e nota que apesar dos personagens do vídeo game serem cuidadosos, ainda é possível desenhar personagens intrigantes.
“No mangá ou animação, designs detalhados demonstram trabalho duro, mas: você não tem essas restrições nos video games. Você deve dar-lhes características distintas, mesmo quando elas são reduzidas a poucos pixels. Pode ser o mesmo com animação. Você teria um personagem negro, um marrom ou até mesmo um roxo. Para o meu mangá, eu prefiro evitar de usar tons de tela, mas em animação, a mesma coisa deve ser feita para distinguir os personagens. Nos video games, eles podem ter trajes que eu teria muito trabalho para fazer no mangá. Para animação, eu tenho que ter um compromisso que não vá exigir demais dos animadores enquanto ainda lembre o video game.
1 Comentário
André Silva
obrigado pela tradução, mas recomendo uma revisão, têm partes sem sentido ou com tradução literal, sem uma localização coerente.