Conversa com Akira Toriyama e o Diretor Executivo da Fine Molds na revista EMIDAS Magazine

EMIDAS magazine Vol.13 (2007)

4ª Edição da Entrevista Surpresa de Emidas!! Conversa Especial com o Diretor Executivo da Fine Molds Co., Ltd., Sr. Kunihiro Suzuki e Sr. Akira Toriyama

Perfil de Akira Toriyama ★

Nascido em 1955, na província de Aichi.

Mangaká conhecido por Dr. Slump e Dragon Ball. Além de suas séries de mangá publicadas principalmente na Weekly Shōnen Jump e outras revistas da linha Jump, também se destacou como designer de personagens para a série “Dragon Quest” (software de jogos). Na França, onde o mangá faz muito sucesso, é frequentemente chamado de “o japonês mais famoso”.

Perfil de Kunihiro Suzuki ★

Nascido em 1958, na cidade de Toyohashi, província de Aichi.

Após a formatura, ingressou no negócio da família como assistente de seu pai, que era um artesão. Entretanto, o sonho com modelos não foi esquecido, e ele trocou de emprego várias vezes até conseguir um trabalho em uma fabricante de modelos na província de Gifu. Após aprender as técnicas de modelagem, fundou em 1987 a Mugen Model, que mais tarde se tornaria a Fine Molds, empresa que segue até hoje.

A fabricante de modelos plásticos Fine Molds, composta por seis funcionários, foi responsável pelo lançamento no mercado do modelo do “Savoia S.21”, que aparece na animação “O Porco Rosso”, de Hayao Miyazaki, e também do modelo da nave espacial “Millennium Falcon”, que aparece no filme “Star Wars”. A empresa continua focada na “melhor fabricação do mundo” (obsessão pela qualidade). Nesta ocasião, realizamos uma entrevista surpresa com o Sr. Kunihiro Suzuki, líder da Fine Molds, e o Sr. Akira Toriyama, criador do mangá “Dragon Ball” e também pai da figura militar feminina “Lisa” (criada em colaboração com o Sr. Suzuki), abordando seus sentimentos sobre a criação através de modelos plásticos!

Ouvi dizer que a relação entre o Presidente Suzuki e Toriyama-san é antiga.

Suzuki:
22 anos, certo? Naquela época, foi através de um assistente de Toriyama-san que fui apresentado a ele. O assistente havia vencido o concurso de modificação de bonecos da Tamiya, famosa pelos Mini 4WD [mini-carros], por dois anos consecutivos. Naquela época, eu trabalhava em uma fábrica de modelos de outra empresa, mas secretamente recebi um pedido da Tamiya para criar modelos de dioramas. Foi dessa relação que fui apresentado a Toriyama-san. Tudo começou com algo relacionado a modelos, né?

Toriyama:
Sempre fiz modelos plásticos sozinho, mas tudo começou quando comecei a mostrar para os amigos. Particularmente, quando estava com o Suzuki-kun, que é um fã de modelos militares, a preocupação do meu editor foi: “Está tudo bem? Você não está se envolvendo em coisas estranhas, né?” (risos).

Suzuki:
Basicamente, tanto os mangakás quanto a indústria de produção têm prazos a cumprir, certo?

Toriyama:
Dragon Ball continuou por cerca de 10 anos, mas o prazo de entrega semanal era rigoroso (risos). Fiquei feliz por conseguir viver como mangaká, mas, ao mesmo tempo, havia essa luta interna, pensando “não sei se vou conseguir continuar com isso”.

Suzuki:
Sei como é. É o que sentimos quando estamos fazendo um trabalho que gostamos, né?

Toriyama:
Foi realmente difícil.

Suzuki:
Ainda assim, se eu perder o foco do trabalho que eu gosto, eu me pergunto para quê estou vivendo. No início, eu me apego rigorosamente aos detalhes. Se tiver que escolher entre um trabalho difícil e um fácil, eu escolho o difícil. Se for para fazer, não faço pela metade, faço algo completamente dedicado, e só depois que eu posso simplificar. Quando estava trabalhando na série “Star Wars”, fui instruído pelo responsável a “fazer disso algo simples”, mas levou 3 anos para ser concluído.

Toriyama:
Quando eu via o que Suzuki-kun estava fazendo, pensei que a empresa dele poderia falir. Quando começou a vender bem, eu fiquei realmente mais feliz do que ele. Eu sempre pensava: “Fine Molds, sempre fazendo coisas no limite!”.

Suzuki:
Isso mesmo. Com certeza estamos sempre no limite. Mas eu acho que se não fosse feito desse jeito, não conseguiríamos sobreviver. Isso vale para qualquer empresa hoje em dia. Eu realmente não acredito que existe trabalho fácil. Mesmo que você lance um grande sucesso de vendas, se o próximo não vender, ele acabará desaparecendo.

Pra encerrar, por favor, compartilhem seus sentimentos sobre o processo criativo.

Toriyama:
Acho que criar coisas é algo divertido. Sempre há muita diversão nisso, e o que importa é como você consegue encontrá-la. Mesmo que você esteja fazendo um trabalho que você não gosta nem um pouco, à medida que faz, acaba descobrindo coisas novas e encontra pequenos prazeres. No fim das contas, criar é algo realmente divertido, não é? Existe alegria em criar algo a partir do zero.

Das coisas que quero fazer no futuro, tenho muitos planos pra modelos que quero criar, mas falta oportunidade (risos). Sinceramente, eu gostaria de descansar do trabalho. Aliás, na época da série, quando o trabalho estava muito intenso, eu costumava fazer modelos como uma forma de escape (risos).

Suzuki:
Realmente, existe uma felicidade em criar algo a partir do nada. A criação pode parecer um trabalho simples, né? Não importa quão brilhante o trabalho seja. Nos bastidores, é só um acúmulo de trabalho simples. Embora simples, há uma sensação real que vai aparecendo à medida que você vai criando. Acho que o aspecto mais interessante da criação é que aquilo com o qual nos envolvemos permanece em uma forma tangível.

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