Dragon Ball encanta fãs há 30 anos!
Há 30 anos, Dragon Ball estreava na edição 51 de 1984 da Weekly Shonen Jump. Em 1986 Dragon Ball foi transformado em anime e exibido semanalmente na Fuji TV, tornando-se famoso no Japão graças ao grande carisma e a veia cômica existente na obra.
Com Dragon Ball, Toriyama sagrou-se um dos mais importantes e influentes mangakás do Japão, estando enjtre os principais nomes do Japão e do resto do mundo na história da animação japonesa, no mesmo patamar que outras lendas, como por exemplo Osamu Tezuka.
Já em 1989, Toriyama deu uma nova abordagem à série, que ganhou um clima mais violento e sério, mas mantendo ainda o carisma que a série possuía. Tratava-se de Dragon Ball Z, como assim foi chamado na série animada.
Dragon Ball dava início também a uma das mais longas séries de todos os tempos. Seu sucesso levou Toriyama a desenvolver uma história por longos 11 anos, produzindo 42 volumes e uma extensão de mais de 10.000 páginas de conteúdo. Poucos animes que seguem o estilo Shonen ultrapassaram essa marca.
Além disso, Dragon Ball é uma das séries japonesas mais exploradas em termos de merchandising, com uma série de filmes, jogos eletrônicos, áudios e badulaques diversos. Até hoje somos agraciados com jogos e filmes que exploram novas formas de conduzir a história. Lembrando que Dragon Ball é um dos mangás mais vendidos de todo o mundo, com 157 milhões de cópias vendidas.
Posso me sentir privilegiado por acompanhar Dragon Ball há pouco mais de 18 anos, desde à sua estreia aqui no Brasil em 1996. Lembro-me do quanto fiquei vislumbrado com uma das primeiras matérias sobre Dragon Ball, publicada na Revista Herói nº 26, que guardo com carinho na estante de casa. Em uma época onde pouquíssimas pessoas no Brasil possuíam um computador e a internet por aqui acabara de adquirir status público, antes restrito às universidades.
Em 2000, em meio aos primitivos sites de hospedagem da época, publiquei pela primeira vez meu site de Dragon Ball, o Kami Sama Explorer. Nessa época, Dragon Ball Z estava sendo exibido há 9 meses no Cartoon Network e apenas 5 meses na BAND, passando isoladamente sem vínculo a nenhum programa ou quadro.
Ter um site que falasse sobre Dragon Ball nessa época não foi uma tarefa fácil. Dragon Ball Z ainda era uma série em expansão aqui no Brasil e seu antecessor, Dragon Ball, não obteve tanto sucesso enquanto exibido no SBT, anos atrás.
Eis que Dragon Ball finalmente explodiu no Brasil quando perceberam o potencial da série e o colocaram como destaque principal do programa Band Kids, em agosto de 2000 (a ponto de ser mais importante que o próprio programa). Mas a internet ainda não possuía ferramentas decentes de pesquisa em texto, muito menos em vídeo, como por exemplo Google ou algo similar ao Youtube. Sim amigos, houve uma época na internet que não existia o Google.
Serviço de emails eram completamente precários, comparados aos dias de hoje e encontrar pessoas com interesses em comum não era tão fácil como entrar nas redes sociais hoje em dia, com comunidades e fanpages a respeito. Mas o maior dos problemas era a risível conexão discada para o acesso a internet.
Achar episódios com resolução próxima do aceitável, coletar informações sobre a série em si, com um número pífio de sites decentes e ter acesso a qualquer material referente a Dragon Ball era uma tarefa para poucos. Ainda assim, podemos dizer que tanto Dragon Ball quanto Pokémon revitalizaram juntos o mercado de animações japonesas no Brasil, impulsionando novos produtos por aqui.
O primeiro mangá comercializado no Brasil do início ao fim foi Dragon Ball e a partir do sucesso deste, muitos outros surgiram. Aliás, Dragon Ball foi a revista/ mangá mais vendida até hoje no Brasil, alcançando o número recorde de 100 mil exemplares vendidos para somente um único número. E foi nesta época que surgiram por aqui os grandes eventos de animes, os cosplayers e a cultura “Otaku”.
Novas revistas especializadas sobre o assunto também surgiram, tornando-se bastante populares entre as massas ainda não agraciadas com a internet.
E foi a partir de tudo isso que a série foi abocanhando cada vez mais adeptos, até os dias de hoje, que agora conta com ferramentas de mídia e busca incríveis, vastas redes sociais, conexões de banda larga, entre outros fatores que facilitam a vida de qualquer um que queira se aprofundar mais sobre a franquia e seu autor.
Dragon Ball mesclou-se de tal forma em nossa cultura, que hoje não conseguimos mais acreditar que alguém nunca ouviu falar de Goku, Freeza ou Vegeta. É até sabido pelas massas que Goku é um Super Saiyajin e que levantar as mãos para fazer uma Genkidama está ligada a uma boa ação (tal como vários amigos e desconhecidos fizeram para mim, nos dias em que estive internado em um CTI de um hospital).
Quase todos sabem que Kuririn vive a morrer no desenho, apesar de Yamcha sempre aparecer em um buraco quando é desafiado – e derrotado – por qualquer inimigo ou outro personagem, em algum meme de internet. Aliás, falando em memes, um dos mais famosos da internet é justamente uma frase de Dragon Ball: “It’s Over Nine Thousand” (que aqui no Brasil e no resto resto do mundo, exceto nos EUA, chamamos corretamente de “É mais de 8000”).
Até os menos simpáticos à série com certeza sabem reconhecer as canções criadas para ela. “O céu resplandece e ao meu redor” e “Posso pressentir o perigo e o caos” ecoam até hoje na mente daqueles que tiveram filhos, irmãos, primos, sobrinhos ou amigos que não perdiam um episódio sequer e, hipnotizados, cantarolavam essas canções como se fossem hinos.
Toda essa cosmovisão reflete-se somente no Brasil. Tentemos imaginar agora cada país que foi agraciado com a transmissão ou publicação dessa obra. Afinal, são diversos países que exibiram e publicaram Dragon Ball. Jovens e adultos que experimentaram as dezenas de jogos, episódios e filmes da franquia, muitas vezes dublados em seus próprios idiomas pátrios.
Cada um desses países possuem uma história tão particular e impressionante relacionada à obra máxima de Akira Toriyama. E isso porque sequer consideramos o próprio fervor da série quando em publicação no Japão e toda a construção e comportamento ditado por ela em uma era ainda tão distante da digital.
Há 30 anos, Dragon Ball mudava o Mundo…
Parabéns, Akira Toriyama. Parabéns, Dragon Ball!