The Bridge Curse 2: The Extrication: Análise
The Bridge Curse 2: The Extrication é um jogo de terror em primeira pessoa lançado em 9 de maio de 2024, disponível em diversas plataformas. Como sequência de um título anterior e vinculado a adaptações cinematográficas, o jogo busca expandir o universo da franquia ao ambientar sua narrativa em uma universidade mal-assombrada na China. A escolha de uma instituição de ensino como cenário de horror não é novidade no gênero, mas é eficaz por explorar medos comuns associados a essas localidades, como isolamento, ansiedade social e lendas urbanas. No entanto, apesar de seu potencial, o jogo enfrenta sérias limitações em design, narrativa e execução, entregando uma experiência inconsistente.
A ambientação escolar é um elemento clássico no horror, pois reflete ansiedades sociais e experiências negativas que muitos associam a esses espaços. São locais que encapsulam medos relacionados a bullying, aceitação social, desempenho acadêmico e desenvolvimento moral. No caso de The Bridge Curse 2, a Universidade Wen Hua é apresentada como um cenário rico em mistérios e tragédias que dão origem a espíritos vingativos. Embora o conceito seja interessante, o jogo não explora essas conexões profundamente, deixando de transformar o ambiente em um verdadeiro “personagem” narrativo.
O título tenta emular o estilo de horror asiático, que tradicionalmente foca nas tragédias humanas que criam monstros, em vez de apenas na sobrevivência frente a eles. A história é dividida em quatro campanhas conectadas, cada uma focando em um protagonista com suas próprias motivações.
A Universidade Wen Hua, construída na década de 1960, é famosa por lendas de tragédias envolvendo estudantes, cujas almas supostamente estão presas no campus. Um grupo de filmagem decide recriar esses mitos para um filme, mas acaba se deparando com eventos misteriosos que confundem a realidade com a ficção. A história começa com uma repórter que investiga um incidente durante a gravação de uma cena. Ela explora a escola, encontra pistas sobre tragédias passadas e, após ser capturada pelo segurança, recebe sua ajuda para continuar a investigação. A narrativa então segue a equipe de filmagem, que recria uma história sobre um assassinato ligado à construção do campus. Durante a filmagem, as luzes se apagam e eles se encontram em uma situação assustadora. O jogo alterna entre os personagens, cada um descobrindo partes do passado da escola. O mistério central envolve uma entidade sombria e eventos sobrenaturais que se conectam para formar a história de The Bridge Curse 2.
Apesar de a fragmentação da história ser uma tentativa de oferecer perspectivas diferentes, ela carece de profundidade e coesão. O excesso de diálogos explicativos e as cutscenes prolongadas diluem o mistério e a tensão que poderiam sustentar a narrativa. Além disso, o tom dos personagens e das situações cria um contraste desconfortável com a atmosfera de terror. A dublagem exagerada e as atuações artificiais, combinadas com problemas técnicos de sincronização labial, tornam o áudio original em chinês a melhor escolha para os jogadores. Mesmo assim, esses elementos comprometem a imersão e destacam as limitações da apresentação narrativa. A tradução, embora melhorada em relação a projetos anteriores da desenvolvedora Softstar, ainda apresenta problemas que prejudicam a narrativa. Para um título que tenta incorporar aspectos culturais taiwaneses em sua história, a falta de cuidado na localização é um ponto negativo significativo.
A estrutura do jogo é baseada em exploração, resolução de quebra-cabeças e encontros com inimigos sobrenaturais. Uma lanterna é usada para revelar segredos e superar barreiras, mas também alerta os inimigos, forçando o jogador a se esconder ou fugir. Os quebra-cabeças são o aspecto mais positivo da jogabilidade, apresentando desafios que exigem lógica e atenção aos detalhes. Contudo, sua execução é prejudicada pela frequência de cutscenes que interrompem o ritmo, transformando o que deveria ser uma experiência fluida em algo fragmentado.
As seções de perseguição, essenciais para criar tensão em jogos de terror, começam com potencial, mas rapidamente se tornam repetitivas e previsíveis. A sinalização clara de rotas e esconderijos reduz o senso de perigo, transformando encontros com espíritos em tarefas mecânicas. O design linear dos níveis também limita a exploração e a sensação de descoberta, tornando a progressão excessivamente guiada. Embora o jogo tenha poucos jumpscares, ele compensa com a criação de uma atmosfera assustadora e momentos de terror mais sutis e constantes. O que é uma abordagem bem-vinda para quem prefere elementos de horror bem desenvolvidos em vez de sustos fáceis e previsíveis. Mas isso vai de cada um.
Visualmente, The Bridge Curse 2 apresenta cenários detalhados que capturam a essência de um campus abandonado e amaldiçoado. Os designs dos espíritos são eficazes e contribuem para momentos genuinamente assustadores, um dos pontos mais altos do jogo.
The Bridge Curse 2: The Extrication tenta misturar elementos de terror cultural asiático com mecânicas clássicas de jogos do gênero, mas falha em entregar uma experiência coesa. O excesso de cutscenes e a narrativa arrastada prejudicam a imersão, enquanto os quebra-cabeças e os cenários detalhados e assustadores oferecem apenas momentos esporádicos de destaque.
Para fãs de histórias baseadas em lendas asiáticas ou para aqueles interessados em títulos de terror mais tradicionais, o jogo pode ser uma boa pedida. No entanto, para quem busca uma experiência realmente imersiva e dinâmica, The Bridge Curse 2 provavelmente será mais frustrante do que satisfatório.