Análise de Dragon Ball: Sparking! Zero – O Regresso da Série de Jogos Mais Amada da Franquia é um Deleite para os Fãs!

Review: DRAGON BALL: Sparking! Zero

O Regresso Triunfal da Série Budokai Tenkaichi/ Sparking!

Depois de 6176 dias, a batalha começa novamente! Assim dizia o trailer que anunciava, enfim, o lançamento de DRAGON BALL: Sparking! Zero, disponível para PlayStation 5, Xbox Series X | S, e PC em 11 de outubro. Mais precisamente, 10 de outubro de 2024 no Japão, e um dia depois, 11 de outubro de 2024 no Ocidente – isso desconsiderando o lançamento via acesso antecipado para quem adquiriu as edições Deluxe ou Ultimate durante a pré-venda, que foi de três dias antes.

Cabe lembrar que DRAGON BALL: Sparking! Zero é mais um da série de jogos da linha Budokai Tenkaichi, conhecida no Japão como a série Sparking!. Embora exista discussão sobre qual de fato foi o último jogo antes de DRAGON BALL: Sparking! Zero a carregar o manto da franquia Budokai Tenkaichi (ou Sparking!) – alguns consideram Raging Blast (2009) como o sucessor da série, outros Dragon Ball: Zenkai Battle (2011), e há até quem considere Dragon Ball Z For Kinect (2012) como legítimo membro – a Bandai Namco bateu o martelo e decidiu que DRAGON BALL: Sparking! Zero é, sim, o quarto título da série Budokai Tenkaichi, sendo assim seu antecessor o Dragon Ball Z: Sparking! Meteor (ou Dragon Ball Z: Budokai Tenkaichi 3 no Ocidente), lançado em 2007.

DRAGON BALL: Sparking! Zero foi anunciado em março de 2023, após o final do torneio mundial Dragon Ball FighterZ World Tour. É o primeiro título da série Budokai Tenkaichi/ Sparking! a ser lançado exclusivamente para consoles da atual geração (PlayStation 5 e Xbox Series X | S), e é o primeiro jogo da série a ser lançado para PC. Este é o único jogo da série Budokai Tenkaichi que manteve seu título original japonês na localização para o exterior. E, justamente por ser uma continuação de uma série tão aclamada pelos fãs de Dragon Ball, havia uma grande expectativa em torno do lançamento deste jogo, além de grande temor em relação sua qualidade, por conta de que os últimos trabalhos da produtora envolvendo Goku e seus amigos, a Spike Chunsoft, não foram tão bem recebidos pelo público, como Jump Force (2019).

Contextualizando, toda a série Budokai Tenkaichi/ Sparking! foi produzida pela Spike, antes da sua fusão com a Chunsoft. A série Budokai Tenkaichi/ Sparking! pegou carona não só com o sucesso do anime e do mangá no Ocidente no começo dos anos 2000, como também com o sucesso dos jogos da série Budokai, desenvolvidos pela Dimps para os então consoles de sexta geração.

Independentemente de a série Budokai ter sido importante para o surgimento e o sucesso de Budokai Tenkaichi/ Sparking!, é inegável que ela se tornou o principal cartão-postal e referência em jogos de luta de Dragon Ball. Antes do Budokai, o histórico da franquia em jogos era terrível, com títulos como Dragon Ball: Final Bout (1997), que só é lembrado pela abertura memorável, mas quase sempre esquecido pelos mais jovens por seus controles horrendos e cheios de delay; ou a série Butouden, que nos anos 90 tentou reformular o gênero de luta 2D estabelecido por Street Fighter II (1992), mas não conseguiu entregar uma experiência aceitável.

Foi também a série Budokai Tenkaichi/ Sparking! que popularizou o gênero de luta de arena 3D nos animes. Ainda que esse gênero tenha surgido nos anos 90, em jogos como Virtual-On: Cyber Troopers (1995) e Power Stone (1998), provavelmente o primeiro Dragon Ball da Chunsoft foi também o primeiro título baseado em anime que começou a explorar batalhas em arenas 3D, o que, consequentemente, influenciou no lançamento de outros títulos parecidos, como a série Naruto: Ultimate Ninja Storm e o recente Jujutsu Kaisen: Cursed Clash (2024).

Por último, embora o então antecessor do novo título da Spike Chunsoft, Dragon Ball Z: Budokai Tenkaichi 3, tenha sido lançado há quase dezessete anos para um hoje obsoleto PlayStation 2 (e pouco depois para o Wii), sem dúvidas é um dos jogos mais emulados e jogados do console, além de um número abismal de MODs criados por fãs, que vão desde os personagens mais recentes da franquia Dragon Ball Super, até personagens incomuns e bizarros para o “Dragonballverso”, como Relâmpago McQueen, CJ, Shrek e Jesus Cristo. Fora os inúmeros vídeos espalhados no YouTube envolvendo o jogo e as atualizações inusitadas dos fãs, o que comprova o apreço e a popularidade da franquia até hoje.

Diante de todo esse histórico, é evidente que toda a expectativa em torno da legítima sequência da franquia é mais do que compreensível. Mesmo que jogos de arena 3D estejam longe de ter o equilíbrio e a complexidade de jogos de luta com comandos tradicionais, como Street Fighter ou Guilty Gear, o sonho de todo fã de Dragon Ball com essa sequência era o de poder replicar a experiência do último jogo da franquia no PlayStation 2/ Wii para esta atual geração, com gráficos que reproduzissem mais fielmente as cenas do anime e com recursos e opções a darem de sobra. E será que DRAGON BALL: Sparking! Zero conseguiu isso? A resposta é um sonoro sim, embora esteja longe de ser um jogo perfeito.

Domínio dos Comandos e Importância do Treinamento

O início de DRAGON BALL: Sparking! Zero começa com um breve tutorial simulando um treino entre Goku (o personagem inicial do jogador) e Vegeta. Nesse tutorial, o jogador aprende os comandos mais básicos do jogo, como atacar, defender, disparar ki blasts, carregar o ki, usar o dash, se deslocar para cima e para baixo e assim por diante. Entretanto, há mais coisas para se aprender no jogo e esse tutorial não entrega nem de perto as possibilidades que ele oferece, o que obriga o jogador a explorá-las mais tarde no modo de treino. Mesmo sendo um jogo de arena 3D que não possui o rigor técnico de um Dragon Ball FighterZ, isso não significa que o jogador alcançará bons resultados apenas esmigalhando os botões e girando loucamente o controle. Portanto, não passar futuramente pelo modo de treino para dominar os controles é pedir para passar apuros na campanha do jogo, sendo ainda pior caso o jogador tenha ignorado o tutorial básico.

Uma coisa importante para os jogadores saberem é que o jogo não está fácil, mas também não é impossível, como frequentemente mencionado nas redes sociais. A Bandai Namco chegou a fazer piadas sobre a situação, assim como houve pedidos de jogadores para que a dificuldade fosse diminuída. É verdade que se o jogador não tiver nenhuma noção do que está fazendo, ele passará por sérias dificuldades contra a CPU. No entanto, na maioria dos casos, é possível vencer uma batalha apenas fugindo, carregando o ki e usando os ataques especiais mais fortes à distância. Essa abordagem pode não oferecer a melhor experiência para iniciantes e pode até levar ao desgaste com esse estilo de jogo repetitivo. Então, para evitar isso, o ideal é mergulhar no treinamento e dominar os comandos.

É fundamental que o jogador se familiarize com o layout de interface de usuário (HUD). As duas métricas mais importantes a serem monitoradas são a “Saúde” (HP Gauge) e o “Medidor de Ki” (Ki Gauge). Enquanto a “Saúde” é um conceito autoexplicativo, o ki, para aqueles que não estão familiarizados com os jogos anteriores ou com a série, representa a energia que impulsiona os lutadores nas batalhas. Todas as habilidades do personagem escolhido dependem desse recurso de ki, logo, manter o medidor de ki carregado e aumentar seu nível permitirá que o jogador executa uma variedade maior de ações durante os combates, como encadear combos, se transformar ou potencializar seus ataques normais. Além disso, o jogo oferece sinais visuais que indicam o aumento de poder do seu personagem, manifestando-se em mudanças à medida que se fortalece.

Há dois tipos de controle disponíveis em DRAGON BALL: Sparking! Zero. Para aqueles que jogaram os títulos originais na época, o esquema clássico refletirá os controles originais do jogo. Já os novos jogadores da franquia poderão utilizar o esquema padrão, que é a configuração inicial. Além disso, é possível remapear os controles manualmente, permitindo que cada jogador adapte a experiência ao seu estilo de jogo.

No que diz respeito à jogabilidade, várias novas funcionalidades foram introduzidas, ampliando a experiência de combate e oferecendo mais opções tanto ofensivas quanto defensivas. Essa evolução também aumenta a velocidade geral do jogo, aproximando-o ainda mais da estética e da adrenalina do anime. Dentre as principais adições, destaca-se o “Contador de Habilidades” (Skill Count), que é incrementado ao realizar movimentos durante a batalha: quanto maior o número, mais habilidades especiais ficam disponíveis, sendo também carregado com o tempo e, sempre que a barra azul está cheia, uma nova carga é adicionada ao contador. Há também um “Ícone de Transformação” (Transformation Icon), que indica a quantidade de transformações disponíveis para o personagem (se for o caso de possuir transformações). Outra novidade é o “Dash Curto”, que permite uma movimentação rápida nas lutas, oferecendo diversas opções de combo para os jogadores.

Também considerada uma nova funcionalidade na série, o “Contra-ataque Vingativo” (Revenge Counter) é uma mecânica inspirada nas sequências do anime, que possibilita atacar enquanto se é atingido pelo oponente. Já a “Super Percepção” surge no jogo como um novo contra-ataque, permitindo que os jogadores lidem com uma variedade maior de ataques inimigos, desde os físicos até os especiais, como as explosões de ki. O “Assalto de Desaparecimento” (Vanishing Assault) é um novo ataque rápido na série que possibilita um golpe quase instantâneo no adversário, sendo extremamente difícil de ser contra-atacado. Por fim, o jogo conta com um “Modo Sparking!”, cujo modo potencializa as habilidades do personagem e permite disparar Ki Blasts sem consumo de Ki, ou realizar ataques mais poderosos que consomem parte do medidor temporário que surge após ativar esse modo, entre outras benesses.

Como uma sequência de Budokai Tenkaichi 3, é importante reconhecer que este sempre servirá como um padrão de comparação. E um dos aspectos positivos frequentemente destacados em DRAGON BALL: Sparking! Zero está na velocidade da gameplay, muito mais rápido que seu antecessor, apresentando uma experiência única que parece resgatar a essência frenética da franquia e da série Budokai Tenkaichi/ Sparking!, principalmente o terceiro título. A série sempre foi conhecida por essa freneticidade, e muitos jogadores sentiam falta desse ritmo acelerado nos títulos mais recentes e, embora Dragon Ball FighterZ tenha trazido um pouco desse dinamismo de volta, Sparking! Zero faz bem seu dever de casa nesse quesito.

Atrasos nos Comandos e Falhas no Controle Complicam a Jogabilidade

Nem tudo são flores: em DRAGON BALL: Sparking! Zero existem alguns pontos negativos que merecem destaque. Um dos principais problemas identificados é o atraso nos comandos. Em certas situações, o jogo demora a responder aos inputs do jogador ou, em alguns casos, não os reconhece. Um exemplo disso ocorre quando um oponente é lançado para o alto e o jogador tenta finalizar o combo com um Kamehameha; em vez de executar o movimento desejado, o personagem frequentemente dispara ki blasts, mesmo com os botões corretos pressionados.

Outro aspecto que gera frustração é a posição do botão de “Emotes”, que está localizado no analógico do controle clássico. Para trocar de emote, é necessário pressionar ambos os analógicos, mas o jogo nem sempre reconhece essa ação, resultando na abertura involuntária da aba de emotes em momentos críticos.

A dificuldade em realizar arremessos e agarrões também é um problema. Após quebrar a defesa do oponente, fazer um arremesso imediato não é uma tarefa simples. Embora a intenção seja que o arremesso fosse ativado com apertando duas vezes o botão de dash, essa funcionalidade não tem se comportado como esperado. A alternativa de pressionar o botão de defesa antes de tentar o arremesso apertando o dash acaba sendo a opção menos pior, isso porque muitas vezes ela resulta também na não execução correta do que se espera do comando.

Adicionalmente, um bug relacionado ao controle clássico afeta algumas partidas online, impossibilitando o jogador de lançar técnicas “Blast 1”. Essa falha força o uso apenas técnicas “Blast 2” ou de técnicas “Ultimate Blast”, além de impedir a troca de personagens durante a batalha, obrigando o jogador a continuar com o lutador até sua derrota. Mas isso certamente será corrigido.

Por fim, a recuperação do personagem após ser derrubado parece ser excessivamente lenta. Em diversas ocasiões, o lutador permanece no chão por um tempo considerável, mesmo com o botão de recuperação sendo pressionado. Durante esse intervalo, o adversário tem a oportunidade de iniciar um combo ou atacar com blasts, aumentando a desvantagem do jogador.

Com os problemas listados, pode parecer que, em termos de jogabilidade, DRAGON BALL: Sparking! Zero não superou seu então antecessor, mas ainda que alguns comandos pareçam mais seguros e responsivos em Budokai Tenkaichi 3, é inegável que este é bem mais limitado em opções que seu sucessor. Portanto, até o mais fanático fã de Budokai Tenkaichi 3 reconhecerá DRAGON BALL: Sparking! Zero como um sucessor à altura, à espera dessas correções para assim admitir que o jogo da nova geração superou à antiga.

Elenco Recorde e Movesets Diversificados em Sparking! Zero

Falando dos personagens, não há dúvidas: DRAGON BALL: Sparking! Zero tem o maior elenco de todos os jogos de luta de Dragon Ball. Se Budokai Tenkaichi 3 já impressionava com seus 161 personagens (contando com as transformações), o novo jogo traz em seu lançamento 182 personagens, com direito a expansão iminente desse elenco com as já tradicionais – e polêmicas – DLCs, anunciadas desde a época de produção do jogo.

Ao contrário dos seus antecessores, onde inúmeros personagens pareciam ter os mesmos movesets, em DRAGON BALL: Sparking! Zero, a variedade de movesets disponíveis para cada personagem é muito mais diversa e impressiona. Cada lutador possui um conjunto de habilidades exclusivo, o que contribui para uma experiência de jogo diversificada e prolongada. Além disso, essa singularidade permite que os jogadores explorem diferentes estilos de luta, mantendo o interesse mesmo após longas horas de jogatina.

Até mesmo as diversas versões do Goku apresentam movesets distintos, oferecendo uma nova experiência a cada escolha. Isso ajuda a evitar que o jogador enjoe ou se sinta enganado ao ver os dezenove Gokus do jogo base na tela de seleção de personagens, ou ainda ao testemunhar o mesmo “Super Explosive Wave” sendo executado por, pelo menos, uns vinte personagens no jogo, como acontecia em Budokai Tenkaichi 3.

Por fim, essa variedade permite que os jogadores testem constantemente novas estratégias e abordagens nas batalhas. No entanto, é importante destacar que o novo jogo não tem a intenção de ser técnico e competitivo, mas sim divertido como o anime. Talvez o único ponto negativo quanto ao elenco seja a ausência de alguns personagens da fase Clássica da franquia Dragon Ball, mas, considerando que essa é a franquia mais esquecida e menosprezada pelos próprios fãs da série, parece fazer mais sentido dar um destaque maior a personagens mais recentes, como os da fase Super.

Modo História Inova com What-ifs, embora Incompleto

DRAGON BALL: Sparking! Zero oferece uma variedade de modos que prolongam bastante a vida útil do jogo. O “Batalha de Episódio” é o velho e bom modo História, que apresenta as campanhas de alguns personagens da série, só que no novo jogo esse modo traz sentimentos mistos, que vão da felicidade a decepção. O jogo não pretende avançar muito além da narrativa principal, mantendo um foco semelhante ao de títulos como Dragon Ball Kai: Ultimate Butouden (2011). Embora existam elementos “what-if”, a grande cereja do bolo desse modo, eles são curtos e não se aprofundam, já que aparentemente o objetivo é apresentar a história central.

O modo história de DRAGON BALL: Sparking! Zero é episódico, com a adição de caminhos alternativos na história, o que pode ser visto como uma abordagem bacana, que evita a repetição constante da mesma jogabilidade. No entanto, como dito, esses caminhos se prendem a uma única nova rota e não são expandidos.

Por exemplo, se, por alguma razão, o jogador decidir sair com o Goku da Sala do Tempo antes da hora para enfrentar Cell e o derrotar, ele enfrentará os Androides 18, 17 e 16. Em seguida, esses personagens tomarão o rumo deles, e essa nova história se encerrará, sem permitir ao jogador conhecer como seriam as sagas seguintes (Saga Buu, Saga Beerus, etc.). Assim, a história não mostra o que aconteceria se Goku e Gohan não tivessem concluído todo o treinamento dentro da Sala do Tempo, se Goku não tivesse se sacrificado contra Cell, ou se Gohan não tivesse derrotado Cell como Super Saiyajin 2.

Por outro lado, a ideia de seguir caminhos alternativos poderia ser algo problemático, especialmente se o jogador acabasse se perdendo em uma narrativa indesejada. Talvez, para que essa mecânica funcionasse, fosse necessário um modo de história mais curto que valorizasse a rejogabilidade. De qualquer forma, esses cenários “what-ifs” (chamados de Episódios Sparking!) são experiências bem-vindas, ainda mais por conta de suas cutscenes melhores trabalhadas em comparação com as das histórias principais. Em especial, destaca-se a do encontro entre Gohan e o Gohan Black, personagem exclusivo do jogo (e ainda não selecionável pelas vias formais).

Navegar pelo mapa do modo história não é tão intuitivo como deveria ser. A navegação no mapa é confusa, dificultando a experiência do jogador. Embora a história tenha sido estruturada dessa forma para aproveitar o sistema de “Custom Battle”, essa decisão pode não ter sido a melhor.

O jogo conta com a história de oito personagens: Goku, Vegeta, Gohan, Piccolo, Future Trunks Freeza, Goku Black e Jiren. Para um jogo com 182 personagens, apresentar a história de apenas oito deles soa um pouco frustrante.

Infelizmente, o provável maior problema do modo história está justamente na falta de polimento de algumas cutscenes e, principalmente, na escolha de contar as várias sagas de Dragon Ball em um formato que parece ter saído de uma apresentação de slides. Para começar, algumas cutscenes mostram personagens nos seus piores ângulos possíveis, como o Gohan “cabeçudo” ou o Kaioushin do Leste com “dez quilos de pescoço”.

Além disso, a situação piora quando a má escolha de angulação ocorre justamente nas cenas feitas no estilo “Power Point”, o que, se não for um trabalho preguiçoso da equipe, acaba entregando ou alimentando teorias da conspiração. Segundo essas teorias, mesmo os cinco anos de produção de DRAGON BALL: Sparking! Zero ainda não teriam sido suficientes para entregar um jogo deste tamanho e desta grandeza. Essa percepção conspiratória ganha ainda mais força quando, coincidentemente, o novo jogo é lançado praticamente no mesmo dia do lançamento internacional de Dragon Ball DAIMA, o novo anime da franquia, lançado no ano em que a série comemora 40 anos.

Seja como for, seria mais do que bem-vindo que o jogo recebesse novas atualizações com revisões dessas cenas, preferencialmente trocando-as por cutscenes que explorem e façam jus ao motor gráfico da Unreal 5. Mas cabe lembrar que o foco principal de DRAGON BALL: Sparking! Zero são os combates e não o modo história, e mesmo com essas críticas a experiência é, sem dúvida alguma, melhor que a de vários outros jogos de luta da franquia.

Um Mundo de Modos em Sparking! Zero

DRAGON BALL: Sparking! Zero conta também com vários outros modos. Existe o modo “Batalhas Adicionais”, que proporciona diversos combates com condições especiais e restrições. Outro modo de destaque é o “Modo de Batalha Personalizada”, um editor que permite aos jogadores criarem seus próprios remixes de batalha e compartilhá-los para que outros possam experimentar. Nesse editor, há inúmeras frases pré-definidas que os jogadores poderão usar para construir suas próprias histórias, além de várias poses e expressões selecionáveis.

Adicionalmente, o modo “Biblioteca Mundial” possibilita a escolha de remixes de batalha criados por jogadores de todo o mundo, promovendo uma interação global. Ou seja, os jogadores não apenas podem criar, jogar e compartilhar seus remixes, como também podem experimentar as criações dos outros.

Já o modo “Batalha” permite que os jogadores participem de batalhas tanto offline quanto online, utilizando o elenco de lutadores disponível. Além disso, o modo “Super Treinamento” oferece diversas opções para aprender e praticar as mecânicas do jogo, proporcionando modos de batalha e treinamento.

No que diz respeito a competições, o modo “Torneio Mundial” inclui torneios tanto offline quanto online, a maioria deles baseados em sagas da franquia, além da possibilidade de restringir e personalizar recursos.

O jogo também apresenta um modo “Loja”, que vende uma variedade de itens para personalização. Os jogadores podem adquirir cápsulas, personagens, trajes, pacotes de vozes, pacotes de música de fundo (BGM), itens de estratégia e planos de fundo para o cartão de jogador. Além disso, o modo “Cartão de Jogador” oferece a opção de personalizar o cartão que é exibido ao jogar online, permitindo escolher o horário de jogo e o modo, música e arena favoritas.

Outro recurso importante é o modo “Personalizar”, que permite que os jogadores ajustem tanto os personagens quanto sua presença online. Nessa seção, é possível customizar habilidades, trajes, configurações de CPU, emotes, fusões e BGM para os personagens do elenco.

DRAGON BALL: Sparking! Zero também inclui o modo “Ordens do Zen-Oh”, que apresenta uma variedade de tarefas a serem completadas em troca de dinheiro do jogo e outros recursos, como desbloqueios de personagens, fotos de perfil e títulos para personalizar o cartão de jogador. De maneira semelhante, o modo “Livros de Figuras do Whis” também apresenta diversas tarefas, só que em troca das esferas do Dragão.

Há ainda o modo “Enciclopédia”, que permite aos jogadores revisar modelos 3D dos personagens, além de informações detalhadas sobre suas estatísticas e habilidades. Também é possível ouvir comentários de ChiChi, Bulma e Videl sobre os personagens selecionados, o que é muito bem-vindo para quem gosta de saber não só um pouco mais sobre as histórias dos personagens, como também as opiniões das jovens senhoras sobre os mesmos.

Além desses modos, o recurso “Meus Dados” oferece uma visão geral das estatísticas do jogador no jogo, como tempo gasto e partidas ganhas, além de permitir a personalização de ícones e títulos. Já o modo “Filme” possibilita que os jogadores revisitem uma variedade de mídias do jogo, podendo assistir a replays salvos de batalhas e cinemáticas.

Por fim, há um menu chamado “Apareça…”, que abre outros três menus de escolhas de invocação dos dragões Shenlong, Porunga e Super Shenlong. Cada invocação permite ao jogador escolher novos personagens, dinheiro, pular desafios e outros itens interessantes, mediante a coleta das esferas.

Uma coisa legal é que a Spike Chunsoft criou um ambiente animado para todos esses modos mencionados, onde Goku interage com vários personagens da série enquanto aguarda a decisão do jogador em escolher algum modo. Mas, apesar do efeito estético e interativo ser bacana, a navegação entre os menus e modos torna-se um pouco travada, visto que essas interações acabam gerando carregamento de informações, tornando a experiência de passear pelas opções um pouco ruim depois de algum tempo.

Ausência de Dublagem em Português e Erros de Tradução podem Decepcionar Fãs

Quanto a dublagem de DRAGON BALL: Sparking! Zero, infelizmente, como já era sabido há alguns meses antes do seu lançamento, não há vozes em português. Sendo mais específico, há apenas as vozes em japonês e em inglês, o que é uma pena, pois há anos os fãs clamam por uma dublagem oficial em português em um jogo de Dragon Ball – algo inédito na franquia –, mas parece que as diversas manifestações a respeito, inclusive com petições, não foram o suficiente para convencer os produtores. Isso apenas acaba dando corda aos fãs para eles próprios alterarem os arquivos de vozes do jogo para PC e substituir por gravações feitas por inteligência artifical, o que acaba sendo uma solução um tanto polêmica.

Sobre a localização e legendas, a equipe responsável fez um trabalho razoável, mas longe de ser perfeito. Algumas frases são até engraçadinhas, como a de quando Goku acerta o olho do Vegeta na forma Oozaru e ele questiona o Goku por ousar fazer uma cicatriz em seu “rostinho lindo”, mas parece ser excesso de liberdade vinda de quem provavelmente não conhece o personagem.

De toda forma, há algumas frases e palavras traduzidas erroneamente. Uma delas é “Planeta Namekusei”. “Namekusei” é um termo composto em japonês, onde “sei” () significa “planeta” ou “estrela”, ou seja, ao dizer “Planeta Namekusei”, ocorre um pleonasmo, já que a palavra completa já carrega o significado de “Planeta Nameku”. Bastava dizer “Namekusei”. Outro exemplo foi traduzirem a palavra “faixa” como “cinto”. Enfim, erros bobos e simples de serem corrigidos em futuras atualizações.

Alguns golpes também foram desnecessariamente traduzidos, como o Final Kamehameha do Vegetto (que virou Kamehameha Final) ou o Big Bang Attack do Vegeta (que virou Ataque Big Bang). Há também outros erros bobos, como a confusão de gênero da palavra “Genkidama”, que ora é chamada de “a Genkidama”, ora de “o Genkidama”. Enfim, proporcionalmente há pouquíssimos erros e más escolhas de tradução em comparação ao tanto de diálogos presentes no jogo e certamente DRAGON BALL: Sparking! Zero está entre os melhores trabalhos de localização de um jogo da franquia.

Cenários Enormes e Trilha Sonora de Qualidade

Quanto aos cenários de DRAGON BALL: Sparking! Zero perde de lavada para o seu antecessor. Há “apenas” doze cenários, comparado com os vinte e três cenários de Budokai Tenkaichi 3 (ignorando os que possuem alterações de acordo com a passagem de tempo). Mas em sua defesa, os cenários são enormes, principalmente o do Torneio de Artes Marciais, além de muito mais complexos, com um número considerável de elementos destrutíveis, fora que ainda há chances de mais cenários serem adicionados futuramente.

Embora o gosto musical seja algo totalmente subjetivo, DRAGON BALL: Sparking! Zero conta com uma trilha sonora impecável, ao menos na opinião deste revisor. O produtor musical principal do jogo é Takanori Arima, que também foi responsável pelas trilhas sonoras de Budokai Tenkaichi 2 e Budokai Tenkaichi 3. Portanto, aqueles que apreciavam as músicas dos jogos anteriores provavelmente gostarão das que estão no novo título. O único ponto negativo é a falta de músicas do anime. Na verdade, há apenas uma canção, ‘Genkai Toppa x Survivor’, que toca durante a abertura do jogo e em algumas batalhas com Goku na história do Torneio do Poder. Assim que o jogo foi lançado, duas coletâneas de músicas do anime foram disponibilizadas para venda. Vale lembrar que qualquer música dessas coletâneas ou a própria música do jogo impede a gravação de jogatinas, em razão da proteção de direitos autorais.

Vale a Pena?

DRAGON BALL: Sparking! Zero é uma viagem nostálgica que captura a essência da série de forma eficaz, apesar de alguns tropeços que podem frustrar tanto jogadores não tão apegados com a franquia quanto os mais aficionados. Contudo, a experiência de reviver histórias e combates com gráficos e sons que evocam memórias, tanto da série animada quanto dos jogos, é inegável.

Embora o jogo esteja longe de alcançar a perfeição, ele se destaca como uma das melhores maneiras de vivenciar os combates icônicos de Dragon Ball, ainda que não ofereça a mesma profundidade técnica de títulos como DRAGON BALL FighterZ. A capacidade de alterar a narrativa em seu modo de história e a promessa de uma comunidade criativa no modo editor elevam sua experiência.

DRAGON BALL: Sparking! Zero é uma homenagem ao legado de Dragon Ball, mesmo que esteja claro que ainda precise de polimento. Sem dúvidas, é o melhor jogo de arena 3D de Dragon Ball lançado até então, que proporcionará facilmente dezenas de horas para fazer tudo que o jogo oferece e milhares de horas de diversão em disputas online ou locais, mesmo com as limitações desta última e a falta de crossplay. A depender de como a Bandai Namco e a Spike Chunsoft lidará com as correções e a produção de novos conteúdos, tem potencial para ser explorado tanto quanto DRAGON BALL XENOVERSE 2 foi e vem sendo até o momento. E se depender dos modders, daqui a 6176 dias ainda estaremos falando, jogando e assistindo conteúdos desse jogo.

Nota: 9,0

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