Análise – Castlevania: Dominus Collection

Castlevania: Dominus Collection – Uma Relíquia Reavivada

Castlevania é uma série icônica na história dos videogames e, junto com Metroid, deu origem ao gênero conhecido como metroidvania, que combina elementos de exploração, RPG e ação. A franquia, que atravessa gerações, é amplamente reconhecida por seu impacto duradouro, e Dominus Collection é um pacote que busca resgatar esse legado, reunindo três dos melhores títulos da série lançados originalmente para o Nintendo DS: Castlevania: Dawn of Sorrow, Castlevania: Portrait of Ruin e Castlevania: Order of Ecclesia. Além desses, o pacote inclui dois extras menos conhecidos: Castlevania: Haunted Castle e sua versão revisada, Haunted Castle Revisited.

Castlevania: Dawn of Sorrow – Nostalgia com Toques Modernos

Dawn of Sorrow, sequência direta de Aria of Sorrow, marca o retorno de Soma Cruz, agora lutando novamente para impedir o ressurgimento de Drácula. Embora o jogo siga a estrutura clássica de Symphony of the Night e Aria of Sorrow, ele introduz o uso da tela de toque do DS, que, na época, era um recurso inovador, mas que hoje parece um tanto desnecessário. O uso de selos mágicos que exigem que o jogador desenhe padrões para derrotar chefes é um exemplo de uma mecânica que não envelheceu bem, mas foi adaptada para as versões de consoles modernos.

No entanto, Dawn of Sorrow ainda brilha em sua jogabilidade. O sistema de coleta de almas continua a ser um ponto forte, incentivando os jogadores a explorar cada canto do mapa para encontrar novas habilidades e itens. A nostalgia é palpável, mas uma crítica comum ao jogo é a substituição do estilo artístico sombrio e detalhado de Ayami Kojima por uma estética de anime, o que não agradou a todos os fãs da série.

Castlevania: Portrait of Ruin – A Dupla Dinâmica

Portrait of Ruin traz uma abordagem única ao introduzir dois protagonistas jogáveis: Jonathan, herdeiro do lendário Vampire Killer, e Charlotte, uma poderosa feiticeira. A sinergia entre os personagens adiciona uma camada de estratégia ao jogo, já que alguns inimigos são vulneráveis apenas a ataques físicos, enquanto outros requerem o uso de magia. Essa mecânica de alternância entre os personagens, que podem ser controlados em qualquer momento, torna a experiência mais dinâmica e divertida.

A estrutura do jogo também se diferencia ao incluir pinturas que funcionam como portais para outras dimensões, remetendo ao clássico Super Mario 64. Esses mapas, embora menores em comparação com o castelo principal, oferecem uma boa variação de temas e desafios. O foco no backtracking (exploração de áreas já visitadas para acessar novos caminhos) é essencial para a progressão, especialmente em áreas onde certos itens são necessários para avançar. Apesar de seu curto tempo de jogo, Portrait of Ruin se destaca pela criatividade e pelo excelente uso das habilidades dos personagens.

Castlevania: Order of Ecclesia – O Pináculo do Metroidvania

Entre os três títulos, Order of Ecclesia é, sem dúvida, o mais ambicioso e inovador. Com uma protagonista feminina forte, Shanoa, que não carrega o famoso sobrenome Belmont, o jogo se afasta dos elementos tradicionais da série ao introduzir o sistema de glifos. Esses glifos permitem que Shanoa absorva habilidades e ataques únicos, adicionando um nível de profundidade à jogabilidade.

A história coloca Shanoa contra o ressurgimento de Drácula e explora temas de traição e sacrifício, fazendo com que o jogador se envolva ainda mais com a narrativa. A dificuldade inicial do jogo, com inimigos mais resistentes, adiciona um desafio extra, exigindo que o jogador explore e use os glifos de forma estratégica.

Visualmente, Order of Ecclesia é o mais impressionante da coleção. A arte sombria e detalhada de Masaki Hirooka, juntamente com o uso de fundos dinâmicos e efeitos tridimensionais, cria uma atmosfera gótica que complementa perfeitamente o tom do jogo. A aventura de Shanoa é considerada por muitos como uma das melhores experiências metroidvania já criadas, equilibrando perfeitamente o combate, exploração e narrativa.

Extras: Haunted Castle e Haunted Castle Revisited

Além dos três jogos principais, a coleção inclui dois títulos extras: Haunted Castle, um arcade clássico notoriamente difícil, e sua versão revisada, Haunted Castle Revisited. O original, apesar de ser uma curiosidade histórica, é limitado pela jogabilidade arcaica e controles imprecisos, enquanto a versão revisada oferece melhorias significativas em controle e gráficos, tornando-a uma experiência mais acessível e agradável. A adição desses títulos é um bônus interessante, especialmente para fãs de longa data da franquia.

Gráficos e Desempenho da coletânea

No aspecto visual, Dominus Collection mantém a fidelidade aos sprites e ao design original dos jogos do DS, mas com melhorias significativas. A transição para resoluções maiores foi feita sem comprometer o estilo de arte característico, preservando a qualidade dos sprites 2D que foram aclamados na época de lançamento original. Além disso, o uso de filtros gráficos atualizados garante que os jogos sejam visualmente agradáveis, mesmo em telas de alta definição, evitando o efeito de pixelização exagerada que poderia ocorrer na transição de plataformas portáteis para consoles de mesa.

Os fundos e elementos tridimensionais presentes, principalmente em Order of Ecclesia, são exibidos de forma mais suave e detalhada, aproveitando o maior poder de processamento dos consoles atuais. No entanto, os jogos ainda mantêm a estética gótica e atmosférica que é um dos principais pontos de destaque da série.

Adaptação das Mecânicas de Jogabilidade

Um dos pontos técnicos mais desafiadores na adaptação dos títulos do DS para consoles modernos foi o uso da tela de toque. Em Dawn of Sorrow, por exemplo, a mecânica de selos mágicos exigia que os jogadores desenhassem padrões específicos para derrotar chefes. Na versão de Dominus Collection, essa funcionalidade foi adaptada para o controle tradicional, eliminando a necessidade de touchscreen. Embora alguns jogadores possam sentir falta da interação física, a adaptação foi feita de maneira eficiente, e o uso de botões para os selos torna a experiência mais fluida e menos interrompida. Entretanto, há situações onde o touchscreen é imprescindível. Nesse caso, o jogador pode usar, se estiver jogando no Playstation 5, o touch do Dualsense ou o analógico direito do controle como um ponteiro de mouse. Apesar de ter três níveis de velocidade, não é uma alternativa melhor que tocando diretamente a tela no Nintendo DS, mas não é nada que frustra o jogador.

Outras funcionalidades que dependiam da segunda tela do DS foram reconfiguradas para que informações importantes, como o mapa e o inventário, fossem acessíveis de maneira rápida e intuitiva através de menus pausados. Essa mudança é bem-vinda, pois mantém a organização e a facilidade de navegação sem a necessidade de uma tela adicional.

Dominus Collection também conta com novos recursos úteis, comuns, mas necessários em coletâneas, como retroceder o jogo e o salvamento instantâneo da partida, além de ser possível alternar entre as versões regionais de cada um dos três jogos principais de Nintendo DS e utilizar um compêndio que reúne em um só lugar todas as informações sobre itens, inimigos, glifos ou Almas Táticas.

Áudio e Trilha Sonora

A trilha sonora de Castlevania sempre foi um destaque, e Dominus Collection faz um excelente trabalho ao preservar a qualidade dos áudios originais. Embora não haja grandes melhorias no som, os efeitos sonoros e as músicas continuam impactantes e atmosféricas. A clareza dos áudios foi preservada, sem perdas notáveis de qualidade na transição para os novos sistemas. A coletânea permite também ouvir todas as faixas musicais de cada jogo e criar playlists.

Desempenho Técnico

Em termos de desempenho, Dominus Collection é estável. Não foram relatados problemas significativos de frame rate ou travamentos nos títulos principais, o que mostra que o trabalho de emulação e adaptação foi feito com cuidado. A execução dos jogos é fluida, com tempos de carregamento praticamente inexistentes, o que contribui para uma experiência de jogo contínua e agradável.

No entanto, um ponto que poderia ter sido mais explorado é a falta de melhorias adicionais, como novas opções gráficas ou suporte a resoluções superiores. Embora a adaptação para consoles modernos tenha sido eficaz, alguns jogadores podem sentir que a coletânea poderia ter aproveitado mais as capacidades das plataformas atuais em termos de personalização gráfica e desempenho.

Considerações Finais

Castlevania: Dominus Collection faz um trabalho admirável ao trazer três clássicos do DS para uma nova geração, com ajustes técnicos cuidadosos que preservam a essência dos jogos originais. As adaptações necessárias para controlar a ausência da tela de toque e da segunda tela do DS foram bem implementadas, e o visual e o som foram mantidos com alta fidelidade. Embora pudesse haver um pouco mais de aprimoramento técnico em termos de gráficos ou desempenho, a coleção oferece uma experiência sólida e respeitosa para fãs antigos e novos jogadores.

Castlevania: Dominus Collection é um exemplo perfeito de como reviver uma franquia clássica sem perder sua essência. A coleção oferece três dos melhores jogos da era do Nintendo DS, cada um trazendo sua própria identidade e charme para o gênero metroidvania. Esta coleção é um presente para os fãs de Castlevania e uma oportunidade imperdível para novos jogadores se aproximarem da série.

Nota: 9,0

Jogo analisado no Playstation 5 com código fornecido pela Konami. #CastlevaniaDominusCollection #keymailer

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