Akira Toriyama - Entrevista Shonen Jump - EUA
Shonen
Jump (sigla referida como "SJ"): Quantos anos você
tinha quando começou a desenhar? Que tipo de coisas você
desenhava?
Akira Toriyama (sigla referida como "T"): Eu comecei
desenhando-copiando personagens de mangás de outras pessoas
quando eu tinha por volta dos 5 anos, mas eu só comecei a
desenhar manga com um roteiro próprio por volta dos 22 anos.
SJ: Quais são suas influências artísticas?
T: Eu era um ávido espectador de animes até eu ter uns 10 anos,
quando eu mudei para mangás. Eu acho que sou influenciado por
trabalhos de Osamu Tezuka e Walt Disney, os quais eu assistia
naquela época, tais como Tetsuwan Atom (Astro Boy) e
os 101 Dálmatas.
SJ: Como você se tornou um mangaka?
T: Eu enviei uma história a um concurso mensal para artistas
amadores na Weekly Shonen Jump. Ela não venceu, mas depois
daquilo eu fui contatado por um dos editores (Kazuhiko Torishima,
hoje Diretor-Chefe da Weekly Shonen Jump), e depois que eu
estudei por mais ou menos um ano, eu virei um profissional.
SJ: Você tem uma incrível habilidade de desenhar qualquer coisa
no mundo em seu próprio e distinto estilo. Você normalmente usa
material de referência para desenhar diferentes objetos,
lugares, ou coisas?
T: Eu quase nunca uso material de referência para lugares, mas
para objetos, por exemplo, se existe um modelo próprio de carro
que eu goste, eu usarei um livro como referência para
desenhá-lo.
SJ: Qual tipo de material de desenho você usou p/ Dragon Ball?
Com que tipo de material de desenho você trabalha hoje?
T: Eu não tenho certeza se esses materiais estão disponíveis
nos EUA, mas em Dragon Ball eu usei G-pens (um tipo de
caneta-nanquim), Papel Kent (um papel do tipo Bristol Board, feito
no Japão), tinta a prova dágua e tintas coloridas para
pintura. Hoje eu uso um MacIntosh para colorir.
SJ: Eu ouvi que você está recolorindo, possivelmente até
redesenhando, partes de Dragon Ball para uma Perfect
Edition. Como é a sensação de resenhar Goku e cia pela
primeira vez em tanto tempo?
T: Eu não redesenhei nada do mangá em si, porque senão eu
começaria a implicar com tudo. Apenas novas capas. Desenhar isso
de novo pela primeira vez em tanto tempo produziu uma mistura
muito complicada de emoções, combinando nostalgia com o
sentimento de não mais querer desenhar Dragon Ball.
SJ: Dragon Ball foi traduzido em várias línguas diferentes ao
redor do mundo, e parece ter um apelo extremamente universal.
Como você se sente sobre ter sido traduzido em muitas e muitas
línguas?
T: Claro que faz me sentir muito feliz, mas eu continuo tentando
viver como sempre vivi, sem realmente pensar nisso.
SJ: Em quais projetos novos ou mangás você está trabalhando
ultimamente?
T: Agora eu me afastei um pouco dos mangás, e estou estudando
coisas que eu sempre quis fazer, como livros de design e
ilustrações.
SJ: Qual mensagem você gostaria de dar aos seus fãs americanos?
T: Essas pessoas que na distante América são fãs de Dragon
Ball, me fazem verdadeiramente feliz. O método de produção de
quadrinhos no Japão é muito agitado, mas também compensador,
porque é possível fazer tanto a história, quanto arte por si
só. Desse modo, é
possível mostrar a individualidade. Se essa idéia lhe atrai, eu o convoco a
tentar desenhar seu próprio mangá. Porque as pessoas que podem
desenhar mangás que americanos irão amar verdadeiramente são
americanos como você.
SJ: De 1984 a 1985 como era sua rotina de trabalho em Dragon
Ball?
T: A maioria dos Mangás no Japão são desenhados no formato
shukan (semanal), então eu desenhava um episódio por semana
(NE: aproximadamente 14 páginas, mais uma página de capa). Mas
para mim esse ritmo era muito difícil, e eu não gostava nem um
pouco disso.
SJ: Dragon Ball desenvolveu-se de uma comédia para uma série de
ação/lutas. Você sente que seu estilo de desenho mudou no
processo?
T: Eu não estava particularmente consciente sobre isso, mas meu
estilo de desenho mudou de acordo com as circunstâncias. Mas
quando se trata disso, mais do que nada, eu gosto de desenhar
comédias tolas e absurdas.
SJ: Eu ouvi que muitos desenvolvimentos de enredo em Dragon Ball
foram influenciados por cartas de leitores. Isso é verdade? Se
sim, você pode nos dar um exemplo concreto?
T: Partes dele foram, sim, por exemplo, pegue Vegeta quando
apareceu pela primeira vez, como um vilão. Mas pelo fato dele se
tornar muito popular, ele permaneceu na série a partir daquele
ponto.
SJ: Dragon Ball parece ter influenciado muitos jogos de video
game e mangás. De onde você tirou a idéia para os ataques que
aparecem em Dragon Ball, tais como o KameHameHa, e todo o poder
chi?
T: Chi (NE: conhecido também por Ki) foi muito usado
na China desde tempos antigos, mas supõe-se que seja sem forma e
invisível. Todavia no mangá, para torná-lo mais fácil para
qualquer leitor captar, foi necessário dar-lhe uma forma. Para o
KameHameHa, eu mesmo fiz um monte de diferentes poses e escolhi
aquela que pensei ser a melhor.
SJ: Eu ouvi que você é fã de Jackie Chan. De todos os filmes
de Jackie Chan, qual é o seu favorito?
T: Drunken Master (primeiro filme). Se eu não tivesse assistido
esse filme, eu nunca teria criado Dragon Ball.
SJ: Você é fã de luta-livre? Eu pergunto porque em Dragon Ball
existem alguns personagens desse estilo como Senhor Satã.
T: Infelizmente, eu não sou um grande fã de luta-livre.
SJ: Quais são seus hobbies? Como você passa seu tempo livre?
T: Na verdade, eu tenho um monte de hobbies, mas eu mantive kits
de montagem de modelos por mais tempo. Em particular, eu amo
modelos militares.
SJ: Eu ouvi que Dragon Ball foi inspirado particularmente por uma
viagem a China. De todos os lugares que você visitou, quais
foram particularmente memoráveis? Você faz muitos desenhos
quando viaja?
T: Eu estive em muitos lugares, mas Austrália, na qual eu senti
um prazeroso equilíbrio entre cidades e seus magníficos
espaços naturais, me tocou demais. Eu não desenho nada em
particular durante minhas viagens.