A Batalha pelos Direitos após a Morte de Toriyama: Entusiasmo e caos em torno do ‘dinheiro de Dragon Ball’!

A edição de 13 de julho de 2024 da revista Weekly Toyo Keizai trouxe uma enorme matéria sobre “As Ambições da Shueisha, Kodansha e Shogakukan”, as maiores empresas de mangás do Japão. Em uma das páginas da matéria, a revista propôs a falar sobre o curioso e preocupante caso envolvendo a franquia Dragon Ball e os seus direitos legais. Segue a tradução dessa página em específico:

A Batalha pelos Direitos após a Morte do Autor Original
Entusiasmo e caos em torno do ‘dinheiro de Dragon Ball’

Quarenta anos se passaram desde que a serialização começou em 1984———————. “Dragon Ball” ainda é, até hoje, uma mina de ouro de propriedade intelectual que atrai o público. De acordo com a empresa de pesquisa de aplicativos Sensor Tower, os dois jogos de smartphone de Dragon Ball, incluindo “Dragon Ball Z Dokkan Battle”, lançado em 2015, ultrapassaram 5 bilhões em receita mundial até fevereiro de 2024. O filme “Dragon Ball Super: Super Hero”, lançado em 2022, alcançou uma bilheteria mundial de 13 bilhões de ienes. Na Arábia Saudita, também foi decidida a construção de um parque temático do mesmo tamanho que a Disneylândia de Tóquio.

O autor original, Akira Toriyama-shi, faleceu em março, lamentavelmente. Entretanto, a popularidade de Dragon Ball está longe de diminuir, continuando a acelerar mundialmente. Sobre o encanto [da obra], os envolvidos são unânimes, ao dizer: “É a sua simplicidade. Como o jogo também foi um sucesso na América do Norte, ao analisar, parece que a simplicidade de ‘vamos lutar para ver quem é o mais forte’, essa simplicidade que permite se divertir mesmo sem pensar muito, foi o que realmente cativou as pessoas” (de acordo com um representante do grupo Bandai Namco).

O responsável que causou uma grande confusão ao se tornar “independente”

No ano passado, um incidente que abalou a indústria aconteceu em torno da mesma obra. O ex-chefe do departamento de Dragon Ball da Shueisha, Akio Iyoku-shi, se desligou [da empresa] com vários subordinados. Em maio de 2023, ele fundou uma nova empresa chamada “Capsule Corporation Tokyo”, com o objetivo de gerenciar criadores e direitos de propriedade intelectual, nomeada a partir de uma empresa fictícia que aparece na obra.

Iyoku-shi trabalhou como editor-chefe da “V Jump” e, desde 2016, foi chefe da Dragon Ball Room. Um funcionário da Shueisha lembra: “Ele decidiu transformar o mangá ‘SAND LAND’ de Toriyama-sensei em um filme sem passar pelos seus superiores, sempre focando em servir o sensei, nas coisas boas ou ruins. Ao mesmo tempo, por parte das empresas de animação e emissoras de televisão, sua reputação [de Akio Iyoku] era de alguém ‘arrogante e presunçoso'”.

Além das críticas, [Akio Iyoku] pouco progrediu na colaboração com o metaverso e AI (inteligência artificial), algo que a alta administração esperava. Como resultado, em 2022, ele foi transferido para um novo departamento de negócios. Essa transferência indesejada foi o estopim, e Iyoku-shi se tornou independente no ano seguinte”.

Em vez da Shueisha, ele começou a agir como o “representante de Toriyama-shi”, e surgiu o risco da Shueisha perder os direitos de Dragon Ball. “Parece que o Toriyama-sensei também estava insatisfeito por ter perdido Iyoku-shi, em quem confiava. O presidente da Shueisha, Horiuchi Marue, foi diretamente à casa de Toriyama-sensei em Aichi, mas não foi possível dissuadi-lo de sua decisão” (De acordo com um funcionário da Shueisha mencionado anteriormente).

Quem teve problemas com isso foi a Bandai Namco, que lucrava muito com jogos como “Dokkan Battle”. “Independente, Iyoku-shi se tornou um representante de Toriyama-sensei, mas os direitos do mangá ainda eram gerenciados pela Shueisha. Não havia uma definição clara sobre quem seria a autoridade para confirmar informações relacionadas ao material original. As reuniões sobre Dragon Ball eram organizadas de maneira vaga, algo como ‘todos os envolvidos devem comparecer’, e de forma sutil incluíam tanto Iyoku-shi quanto os representantes da Shueisha. A coordenação desses encontros foi desgastante’ (Comentário de um funcionário da Bandai Namco mencionado anteriormente).

A morte de Toriyama-shi ocorreu no meio dessa disputa pelos direitos. A discussão ocorreu na ausência do autor original, e “a situação continua conturbada e ainda não foi resolvida” (Comentário de um funcionário da Shueisha).

“Agora, vai depender do que a família do falecido achar”, afirma um executivo da indústria de animação, que prevê uma solução que envolva os familiares.

Quem controlará a liderança na gestão desta grande propriedade intelectual? O desfecho dessa batalha caótica, que não condiz com um mangá shounen, permanece incerto.

(Soichiro Morita)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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